Pela primeira vez, os pecuaristas paranaenses podem comprovar a vacinação de seus rebanhos contra a febre aftosa de forma eletrônica. A informatização do processo, pedido antigo do setor, permite maior agilidade, redução dos custos e o acompanhamento em tempo real dos números de animais imunizados. A campanha de vacinação ocorre durante o mês de maio e a expectativa é imunizar 4,4 milhões de bovinos e bubalinos de até 24 meses.
O mecanismo de comprovação é simples. No ato de compra das vacinas, o dono da loja faz o lançamento dos códigos dos remédios e o número e idade dos animais no site da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar). Depois da aplicação, basta o pecuarista acessar o sistema e confirmar a vacinação.
“Muitos agricultores têm internet na propriedade. Quem não tiver pode procurar os sindicatos rurais, vizinhos e os escritórios da Agência onde poderão contar com a ajuda dos técnicos”, diz Inácio Kroetz, presidente da Adapar, sem arriscar quantos agricultores devem aderir ao sistema neste primeiro ano.
Para o veterinário da Federação de Agricultura do Paraná (Faep) Celso Doliveira, o novo mecanismo permite desobstruir parte dos serviços nas unidades da Adapar espalhadas pelo estado. Ele arrisca que 30% dos 193 mil pecuaristas do estado devem aderir ao sistema eletrônico. “O produtor em si tem dificuldade de mexer com tecnologia. Mas, os filhos estão participando da administração da propriedade e conseguindo tecnificar os procedimentos”, explica.
O pecuarista que optar pelo procedimento tradicional pode entregar as guias em papel nos escritórios e unidades da Adapar em 350 dos 399 municípios do estado. “Neste caso, os técnicos estão orientados a dar uma aula rápida e ensinar o processo para as próximas campanhas”, resalta Kroetz. O produtor que não aparecer nas estatísticas de comprovação da vacina, tanto online como papel, será procurado pelos técnicos da entidade para averigação.
Mercado
A campanha de imunização faz parte do projeto para tornar o Paraná área livre da doença sem vacinação e acessar novos mercados compradores como Estados Unidos e Japão. Hoje, o estado é reconhecido como livre da aftosa, mas com a aplicação de vacinas, o que restringe as vendas da carne bovina para os países da União Europeia e a Rússia.
“A expectativa é de que o Brasil aumente a área sem vacinação [restrita a Santa Catarina] até 2017”, frisa o presidente da Adapar. “Dependemos também do ambiente externo e de variáveis biológicas. Os episódios recentes no Paraguai [que teve aftosa ano passado] nos deixa com temor”, complementa.
Campanha tem lançamento no Oeste
O lançamento da campanha de vacinação do gado contra aftosa no Paraná ocorre hoje, às 10 horas, no Oeste do estado, em Marechal Cândido Rondon. O município fica na divisa com o Paraguai, que registrou a doença há um ano.
O governador Beto Richa deve participar do lançamento com o secretário estadual de Agricultura, Norberto Ortigara, e o presidente da Agência de Defesa Agropecuária (Adapar), Inácio Kroetz. O evento, que vai reforçar o anúncio de que o estado precisa imunizar 4,4 mil animais, será na fazenda Milton Schone, distante 4 quilômetros da cidade. A região é de pequenas propriedades e o apelo deve ser pela mobilização dos produtores de leite e carne bovina. A autorização para vacinação do gado vale a partir desta quarta.
O esforço no combate à aftosa é nacional. Começa amanhã também a campanha de imunização de Mato Grosso, que faz divisa com a Bolívia. Perto de 12,5 milhões de bovinos e bubalinos com até 24 meses de idade deverão ser imunizados, prevê o Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea). A vacinação precisa ser confirmada oficialmente pelos pecuaristas até 10 de junho.
Em Mato Grosso do Sul, que faz divisa com Bolívia e Paraguai, a campanha deve começar na quinta-feira e seguir até o fim de maio. No Pantanal, deverá se estender até 15 de junho.
O Rio Grande do Sul, por sua vez, pretende vacinar 13,3 milhões de cabeças de gado. O lançamento da campanha será amanhã, no município de Cristal, Sudeste do estado. “A saúde do rebanho gaúcho também depende de você” é o slogan da campanha da Secretaria da Agricultura. O estado faz divisa com zonas pecuárias da Argentina e do Uruguai.
No Nordeste, a vacinação vem sendo adiada por causa da seca. A Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária de Alagoas (Adeal) foi autorizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento a mudar o prazo. Pelo novo calendário, a imunização do gado, que começaria amanhã, terá início no dia 1º de julho e se estenderá até o final do mês.
Os distribuidores de medicamentos para a pecuária informam, no Paraná, que os preços devem ser mantidos em cerca de R$ 1,20 por vacina antiaftosa. No ano passado, os pecuaristas encontravam, em alguns pontos de venda, doses por até R$ 1,70, considerando porções de dez vacinas.