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Nos próximos anos, mais de 6 mil postos de emprego serão abertos em indústrias cujo as donas são cooperativas, como a Alegra Foods. |
Nos próximos anos, mais de 6 mil postos de emprego serão abertos em indústrias cujo as donas são cooperativas, como a Alegra Foods.| Foto:

O mantra de que a “crise é o melhor momento para se investir e crescer” foge aos clichês e ganha efeito prático nos campos do Paraná. Enquanto milhares de empresas dos mais diversos segmentos cortam investimentos e demitem funcionários para tentar sobreviver, o cooperativismo caminha na contratendência. Sem ampliar a exposição aos riscos, o setor segue executando investimentos de peso, criando um efeito multiplicador que mantém o fôlego das economias regionais.

Novas indústrias consomem bancos de empregos

O planejamento estratégico das cooperativas dos Paraná tem se sobressaído à crise que assola a economia nacional. O setor segue inaugurando indústrias em várias partes do estado e, consequentemente, movimentando os bancos de vagas das empresas de recursos humanos. Para os próximos anos, mais de 6 mil novos empregos diretos serão abertos.

Na semana passada, as cooperativas dos Campos Gerais – Castrolanda, Frísia e Capal – inauguraram a unidade industrial de carne Alegra Foods. Nesta primeira etapa, a indústria demanda 750 funcionários para processar 2,3 mil suínos/dia e 1,8 mil toneladas de industrializados/mês. Com o plano de dobrar a produção até 2019, mais vagas de empregos serão abertas.

“Uma indústria que se instala atrai gente de outras regiões, pois o pessoal sabe que as cooperativas oferecem muitos benefícios para os funcionários”, explica Ivonei Durigan, superintendente da Alegra Foods, que exporta seus produtos para 14 países e negocia com China, Rússia e Cingapura.

“As cooperativas investiram no momento certo. Além disso, precisamos focar no mercado internacional para equilibrar as contas”, explica o superintendente da Alegra Foods, Ivonei Durigan.

No outro lado do estado, em Assis Chateaubriand, a Frimesa – cooperativa central que pertence a Copagril, Lar, C. Vale, Copacol e Primato - está construindo o que será o maior frigorífico para abate e processamento de suínos do país. A promessa é de 2 mil empregos logo na inauguração e outros 3,5 mil em uma segunda etapa. Além disso, a previsão é que a unidade gere outros 8,5 mil postos indiretos em toda a cadeia produtiva.

Ali perto, a Coopavel investe R$ 59 milhões para viabilizar a nova unidade produtora de leitões (UPL) em Cascavel. Com a conclusão prevista para 2017, 150 empregos serão abertos.

“Claro que [as cooperativas] têm à disposição uma grana um pouco mais barata para investir. Mas o pessoal que comanda as cooperativas se qualificou, adquiriu visões empresarial e estratégica. Quando necessário, por conta de fatores externos, existe o reposicionamento para continuar crescendo. Eles investem pesado no gerenciamento”, admite o secretário de agricultura do Paraná, Norberto Ortigara. (IC)

Mais do que movimentar cifras milionárias para dar vida a grandes projetos, os investimentos das cooperativas permitem uma “injeção na veia” na geração de empregos ao redor do estado. A cada nova indústria inaugurada, milhares de vagas são abertas, exigindo inclusive mão de obra de outras regiões. Das 20 cidades que mais geraram postos de trabalho em 2015, 14 possuem algum tipo de vínculo com a atividade, mostram dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). Destas, seis são sedes de cooperativas que faturaram mais de R$ 1 bilhão em 2014 – Medianeira, Cascavel, Cafelândia, Palotina, Marechal Cândido Rondon e Londrina (confira no gráfico).

Para os especialistas, dois fatores são decisivos para o bom desempenho do setor. O primeiro deles está relacionado ao fato de que as cooperativas agropecuárias estão diretamente ligadas a produção de alimentos, aponta Roberto Zurcher, economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). “Apesar do mundo não estar crescendo tão rápido como antes, há uma demanda crescente por alimentos. E mesmo com a crise as pessoas não deixam de consumir”, explica.

Aliado a isso, também pesa a filosofia de trabalho das cooperativas, que prioriza o capital humano. “Ao contrário de uma multinacional, por exemplo, as cooperativas têm um forte compromisso regional. Isso acaba motivando um esforço extra para manter a geração de empregos”, salienta Júlio Suzuki, diretor-presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).

Para quem comanda esses empreendimentos bilionários, a manutenção do crescimento, mesmo em época de crise, tem ligação direta com a organização da cadeia produtiva, que prioriza a coletividade. “Um país só é desenvolvido quando a sociedade é organizada. As cooperativas são organizadas e alinhadas com as necessidades dos produtores e dos consumidores. Esse ponto é essencial para o sucesso de qualquer negócio”, destaca Frans Borg, presidente da Castrolanda, cooperativa instalada em Castro, nos Campos Gerais, que na semana passada, ao lado da Frísia e Capal, inaugurou uma Unidade Industrial de Carne, gerando mais 750 empregos para região.

Assim, mais do que ganho econômico, também há forte impacto para a sociedade que convive com as cooperativas. “Os ganhos sociais são incalculáveis. A chegada de uma indústria impacta no setor de transporte, combustíveis, moradia, consumo, entre outros”, ressalta Renato Greidanus, presidente da Frísia, de Carambeí. “O cooperativismo é uma vocação do Paraná. Sem esse modelo teríamos muito menos empregos ligados ao campo”, complementa Zurcher, da Fiep.

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