Carlópolis O volume de peixes criados em sistema de tanques-rede cresce no Paraná. A expansão da atividade está relacionada, principalmente, ao fato de que esse tipo de criação permite ao produtor ter maior número de peixes num menor espaço, o que reduz custos e aumenta a rentabilidade.
Numa comparação com a piscicultura tradicional, desenvolvida em tanques escavados, a produtividade do sistema de tanques-rede é 100 vezes maior. Enquanto num tanque-rede é possível se obter 200 quilos de peixe por metro cúbico de água, numa represa convencional esse volume cai para apenas 2 quilos.
A falta de informações técnicas e de conhecimento da legislação sobre as águas ainda é um entrave à atividade. O chefe do Escritório Regional da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (Seap), em Carlópolis, no Norte Pioneiro, Paulo Roberto da Silva, explica que os tanques-rede apresentam um melhor aproveitamento das represas e lagoas. Para dar início à atividade, é necessário ter um bom projeto, bem definido e, principalmente, legalizado.
Para usar águas de rios e represas é preciso, antes de tudo, de autorização da Agência Nacional de Águas (ANA), da Marinha e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama). O motivo dessa burocracia é o incentivo à produção profissional e controlada. "Todas essas medidas servem para evitar a criação clandestina e predatória de peixes", explica Silva.
Apesar de ainda não existir um levantamento oficial sobre o volume da produção nesse sistema no Paraná, os técnicos da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab) confirmam que a atividade está crescendo. O número de produtores ainda é pequeno, mas os projetos que aguardam aprovação nos órgãos competentes passam de 100.
Os principais pólos estão localizados nos extremos norte e oeste do estado. Justamente nas duas regiões onde estão os maiores reservatórios de água doce do Paraná: o Lago de Itaipu (Rio Paraná), no Oeste, e a Represa de Xavantes (Rio Paranapanema), no Norte Pioneiro. Os tanques-rede podem ser instalados dentro desses reservatórios.
No extremo-norte, a atividade começa a se desenvolver principalmente por conta dos investimentos prometidos pelos governos federal e estadual para a piscicultura. A disponibilização de linhas de crédito para financiamentos, investimentos em pesquisa e a construção de um abatedouro de peixes são alguns dos atrativos anunciados, mas que até agora só estão no papel.
A demora na definição de estratégias de uso das águas pode prejudicar quem quer investir. A ANA autoriza a exploração da piscicultura em tanques-rede em até 1% da área total dos reservatórios. Só que, como o reservatório está na divisa entre Paraná e São Paulo, 70% dessa reserva já foi ocupada por produtores paulistas.
Silva estima que mais de 70% da área alagada pela represa esteja no lado paranaense, o que torna a desvantagem do Paraná ainda maior. "Isso quer dizer que, no mínimo, haverá a necessidade de se discutir o assunto também com as autoridades paulistas", afirma.
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