Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Notícias

Cultivo de bucha ganha espaço na terra da uva

O produtor Marcelo do Carmo diz que a cultura é uma alternativa viável de renda | Ivan Amorim/gazeta Do Povo
O produtor Marcelo do Carmo diz que a cultura é uma alternativa viável de renda (Foto: Ivan Amorim/gazeta Do Povo)

Marialva, município no Norte do Paraná famoso pelos parreirais de uva, também concentra entusiasmados com a produção de bucha vegetal. O plantio ainda é tímido, pouco mais de 8 alqueires, mas há quem aposte no cultivo e faça dele a única renda da família.

Mercado, os produtores garantem: tem, e de sobra. O status de produto ecológico tem aumentado a procura. O banho de muitos paulistas, curitibanos e mineiros é auxiliado com as buchas produzidas no município paranaense. Os três locais concentram a demanda pelo produto, diz o técnico agrícola da Emater de Marialva Ailton Rojas Poppi.

Segundo ele, a cultura é típica da agricultura familiar, uma vez que a colheita e a preparação do produto para venda são totalmente manuais. Os cuidados, afirma o técnico, são simples, porém, importantes para a qualidade das buchas. O que define, muitas vezes, o tamanho, a textura das fibras e o preço final.

Ele explica que a cultura é perene. Se bem cuidada, a lavoura pode durar até quatro anos. O clima também impacta na produção. “A planta não se dá tão bem com o frio e pode ser castigada com invernos mais rigorosos, mas rende mais que soja, por exemplo. Claro que não podemos comparar. São culturas distintas, com áreas diferentes, mas é uma opção para o produtor que queira fugir do convencional.”

A diversificação sustentável deve ter preparação do solo, indicados por Poppi com calcário, o mínimo de adubo químico e matéria orgânica, que, na maioria das vezes, é feita com o bagaço e as sementes da própria bucha. As plantas são distribuídas em um estaleiro, da mesma forma que a uva e o maracujá, por exemplo.

Lá, permanecem pouco mais de três meses. Quando a plantação ganha um “amarelão” é hora da colheita. A retirada tem início em dezembro e geralmente é finalizada em maio. O processo é simples, embora demorado.

É necessário mergulhar as buchas em água para facilitar a soltura da casca e das sementes. Em seguida, reuni-las para a secagem que dura em média um dia. O armazenamento é feito em barracões, onde os produtos permanecem por até um ano.

O contato com os compradores é feito diretamente pelos agricultores. Marcelo Henrique do Carmo, 22 anos, decidiu por fim ao trabalho de reformas de sofá, profissão antiga na família, e arriscar na roça.

Há quatro anos, em poucos mais de 2 alqueires (5 hectares), a família garantiu o sustento. O jovem fez parceria com uma empresa paulista e entrega, mensalmente, cerca de mil unidades. O lucro, segundo ele, tem garantido a permanência do cultivo. “O negócio é rentável. Dá pra entregar a R$ 1,50, cada”, garante.

Fernando Malta, 31 anos, trabalha com uva fina e também garante o sustento com auxilio da produção de buchas. Ele tem 4 hectares, e se diz animado para expandir o plantio. “É um lucro que a gente não precisa pagar mão de obra, fica quase tudo com a gente. Na minha propriedade eu consigo tirar até 70 mil buchas, vale a pena.”

No banho

Hábito vem da roça para a cidade

A auxiliar de enfermagem Cristiane Turbanthi, 36, diz que o hábito de usar as buchas veio na infância. Morando com a avó desde os 9 anos, usava a peça por ser a única opção oferecida no banheiro. O costume a acompanhou e quando tentou abandoná-lo, viu que não era possível. “Tentei usar bucha artificial uma única vez. Odiei. Além disso, a [vegetal] ativa a circulação e garante a esfoliação da pele”, observa Cristiane.

A indicação para ativar a circulação é confirmada pela dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia no Paraná Christine de Campos, mas ela afirma que o produto tem efeito limitado. “A bucha pode ser uma coadjuvante, deve ser usada com auxiliadora, mas não vai fazer efeito sozinha.”

A única contra indicação, garante ela, é para pessoas com peles sensíveis. Nesse caso, como a fibra é mais abrasiva, pode retirar a oleosidade da pele causando ressecamentos. Em contrapartida, quem sofre com o excesso de oleosidade pode ter a pequena esponja natural como auxiliadora na hora de esfoliar a pele.

Christine alerta ainda que é preciso ficar atento ao momento certo de descartar o produto para evitar a proliferação de fungos. “Se começar a ficar escurecida é preciso trocar. Também se deve colocá-la para secar sempre após o uso.”

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.