Unaí, MG - Os veranicos são ocorrências consideradas normais pelos produtores da região Noroeste de Minas Gerais, mas neste ano a dança das chuvas está dando um baile em quem coordena plantio, colheita e armazenagem. "Temos áreas há quatro semanas sem chuva. Em outras, não foi necessário nem ligar o pivô de irrigação", relata Geraldo Condé, de Unaí. Sua família tem 6 mil hectares de cultivo e armazéns para guardar três safras juntas.
A previsão é de quebra de mais de 20% em áreas que renderam 3,6 mil quilos de soja por hectare na safra passada. Por outro lado, há lavouras que estão rendendo até 4,2 mil quilos/ha. O teto é atingido em lavouras irrigadas, cada vez mais comuns na região.
Para não ficar à mercê do clima, só mesmo irrigando, conclui Condé. Conforme os produtores ouvidos pela Expedição Safra, o custo dos equipamentos aéreos fica entre R$ 3 e 5 mil por hectare. Dependendo da distância entre a área e o lago, a despesa pode chegar a R$ 7 mil/ha. Ainda assim, o investimento na implantação da lavoura é relativamento viável, considerando que há terras disponíveis a partir de R$ 3 mil o hectare, menos da metade do preço praticado nas regiões agrícolas do Paraná.
Não será a irregularidade das chuvas que vai impedir a expansão das lavouras na região, avalia a economista Tânia Monteiro, da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), que viajou com a Expedição na última semana. "Os preços estão muito atrativos. O milho está valendo R$ 32 a saca e a soja, R$ 45. A cotação do cereal é um terço maior que a do Paraná. Na soja, está praticamente igual", argumenta.
Nas propriedades já estruturadas, a expectativa é que a produtividade seja maior neste ano. Ciro Queiroz, de Paracatu, quer avançar de 3,6 mil quilos para 4 mil quilos de soja por hectare. Ele cultiva 1.300 hectares com soja, tudo irrigado. Com agricultura de precisão, afirma que não usa adubo há dois anos, o que reduziu o custo total da soja a R$ 900 por hectare.
No terminal intermodal de Pirapora, que recebe a produção do Noroeste mineiro e escoa via estrada de ferro até Vitória (ES), a previsão é que a movimentação passe de 680 mil (2010) para 1,2 milhão de toneladas. Com a ampliação das lavouras e as modificações que vêm sendo feitas no terminal, inaugurado há dois anos, a capacidade para 2 milhões de toneladas tende a ser atingida em poucos anos, diz Marcos André, gerente local da Líder, empresa que opera o embarque no terminal.
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