A intervenção do governo no mercado de milho não movimentou apenas os negócios nos portos. Serviu também para alavancar as cotações internas. Os preços FOB interior, que passaram meses deprimidos, inverteram a trajetória e voltaram a acompanhar o mercado internacional. No Paraná, o valor da saca saltou de R$ 13 em julho (média mensal do estado) para cerca de R$ 18, uma valorização de 37%. Na Bolsa de Chicago, os preços internacionais do cereal avançaram 28% na mesma base de comparação.
"Em maio, quando a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) iniciou a série de leilões de PEP para destravar o mercado, a saca de milho valia pouco menos de R$ 16 no porto. Hoje, vale R$ 25", lembra Paulo Molinari, da Safras&Mercado. Segundo ele, a esses preços, a exportação de milho é competitiva mesmo sem subsídio do governo.
Para proteger o mercado interno e evitar o desabastecimento, o governo está cogitando retomar as intervenções. Desta vez, contudo, pretende atuar na ponta oposta, vendendo milho dos estoques públicos para centros de consumo. Os leilões seriam destinados a estados como Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que produzem o cereal mas não são autossuficientes.
A ideia divide opiniões. "Realmente existem regiões onde a oferta está estrangulada. Mas é preciso tomar cuidado. Se errar na calibragem do preço de venda, o governo acabará deprimindo os preços domésticos e incentivando as saída do produto do país", alerta Molinari.
"O aumento das exportações não vai fazer faltar produto. Há oferta. O que vai acontecer é que os preços irão mudar de patamar", avalia o técnico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Flávio Turra, lembrando que há mais de um ano o produtor de milho brasileiro sofre com os preços baixos. Na sua avaliação, ainda não é a hora para desovar os estoques públicos. Para ele, ainda existe muito milho comprado a preços mais baixos nas mãos da iniciativa privada.
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