Ponta Grossa - Aumentar a qualidade e a quantidade. Esse é o desafio da classe produtiva quando o assunto é armazenagem de grãos. Num evento promovido pela Associação Brasileira de Pós-Colheita (Abrapos) em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, produtores e cooperativas discutem meios de fomentar o crescimento do agronegócio através do melhoramento do sistema de armazenagem. O 6º Simpósio Paranaense de Pós-Colheita e o 5º Simpósio Internacional de Grãos Armazenados começaram ontem e terminam amanhã no Centro de Eventos de Ponta Grossa, com a participação de cerca de mil pessoas.
O presidente da Abrapos, Irineu Lorini, lembra que não adianta apenas aumentar a capacidade estática dos armazéns. "É preciso fazer isso com qualidade, senão é a mesma coisa que guardar alimentos numa geladeira desligada", comentou. Ele cita que as perdas médias na pós-colheita são de 10% no país, que tem uma produção de cerca de 145 milhões de toneladas de grãos. Além da construção apropriada, o armazém deve ser operado por pessoas capacitadas. "Já houve cursos de aprimoramento, mas queremos ampliá-los", afirma.
Segundo a Conab, a capacidade estática das 16 mil unidades armazenadoras espalhadas pelo país é de 125,5 milhões de toneladas, sendo 24,4 milhões apenas no Paraná. Esse número precisa ser ampliado para acompanhar o ritmo de crescimento do agronegócio previsto para o país nos próximos 10 anos. A estimativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) é que a produção de grãos cresça 28,7% até a safra de 2019.
A projeção de crescimento leva em consideração a reação da economia brasileira frente à crise econômica mundial. Conforme o chefe de Gestão Estratégica do Mapa, Derli Dossa, que participou ontem da abertura do simpósio, os efeitos da crise não foram tão sentidos no país porque a economia brasileira se ancorou no agronegócio, que representa 25,6% do Produto Interno Bruto (PIB). Para Lorini, a crise também respingou no setor de armazenamento. "A armazenagem em si não foi afetada em termos de liquidez, mas, como o produtor segurou mais a produção, os custos aumentaram", considera. Já para o analista da agência Safras & Mercados, Paulo Molinari, ainda há motivos de preocupação. Mas uma boa aposta para as próximas safras é o milho, que teve resultados negativos nos Estados Unidos e quebra no Paraná.