Apucarana Mesmo com índices recordes de produtividade, o café adensado se revelou incapaz de sustentar, sozinho, a atividade no Paraná. Desde 2000, a área plantada caiu mais de 55%, para os atuais 108,2 mil hectares. A causa principal é a erradicação das lavouras antigas, cultivadas no sistema convencional, e sua substituição por culturas como soja e cana-de-açúcar.
A situação preocupa a Câmara Setorial do Café do Paraná, coordenada pelo governo estadual e integrada por entidades públicas e privadas, cooperativas e associações de produtores. Teme-se que a manutenção desses índices de erradicação comprometa o abastecimento do mercado estadual, estimado em 3,6 milhões de sacas anuais. O Paraná tem grandes indústrias de café solúvel, voltadas à exportação.
"Precisamos reeditar o Plano de Revitalização da Cafeicultura", prega Paulo Franzini, coordenador estadual de café no Deral. O Paraná tem hoje cerca de 15 mil cafeicultores, espalhados por 212 municípios. O setor emprega diretamente 36 mil pessoas. Com apenas 2,5 hectares plantados, o produtor Márcio Antonio Craveiro, de Pitangueiras (Norte), por exemplo, chega a empregar 12 pessoas, por até 90 dias, no período de safra.
Na avaliação de Francisco Galli, gerente da Câmara Setorial, é necessário o plantio de, pelo menos, 10 mil hectares anuais, nos próximos cinco anos. Com isso, até 2011 seriam acrescentadas 1 milhão de sacas à produção estadual. No final desse período, a geração de empregos atingiria 25 mil postos fixos e 50 mil temporários.
O suprimento de mão-de-obra é outra preocupação. Cada vez mais, os produtores enfrentam a falta de disposição dos filhos de trabalhar nas lavouras e a manutenção de empregados fixos nas propriedades se tornou rara a partir dos anos 60, com a adoção de uma legislação trabalhista mais rígida.