A quebra de 40% no potencial produtivo de sementes de soja no Paraná abre oportunidades de negócios para os produtores de estados vizinhos ou aos que conseguirem certificar novas áreas. As 100 mil toneladas desclassificadas neste ciclo poderiam gerar R$ 10 milhões a mais ao bolso dos sementeiros, considerando que o preço do produto fica 10% acima do pago pelo mercado do grão.
Enquanto não sai a autorização para novos campos de multiplicação no Paraná, solicitação realizada semana passada pela Associação Paranaense dos Produtores de Sementes e Mudas (Apasem) junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Santa Catarina figura como o principal fornecedor. O estado é o que mais “exporta” sementes no país e não teve problemas climáticos. Com isso, a safra de 160 mil toneladas de cultivares deve ser garantida.
“Nós plantamos mais tarde que o Paraná. Aqui o calor não foi problema”, afirma o presidente da Associação dos Produtores de Sementes do Estado de Santa Catarina (Aprosesc), Cristiano do Nascimento. A estimativa da Aprosesc é de que 80% da safra catarinense de cultivares deixem o estado.
Novos campos
Apesar de Santa Catarina garantir abastecimento ao Paraná, ainda há esperança de que o adicional pago pelo produto fique no estado. Para isso, o ministério da Agricultura precisa certificar novos campos. A solicitação já está em Brasília.
A Menarim Sementes, de Castro (Campos Gerais), é uma das empresas que aguarda essa liberação. Se conseguir, poderá manter o fornecimento para clientes em Mato Grosso do Sul, São Paulo e no próprio estado. A área da sementeira sofreu com o calor, inviabilizando a retirada de 60 mil sacas (de 40 quilos) estimadas inicialmente.
SP também pede inscrição de novas áreas
São Paulo, tradicional fornecedor de sementes para o Paraná, também terá parte da sua safra de cultivares desclassificada em função da estiagem. De acordo com a Associação Paulista dos Produtores de Sementes e Mudas (APPS), 50% da produção prevista de 65 mil toneladas perdeu qualidade e deve ser comercializada como grão.
“O que foi colhido apresenta problema fisiológico. A oscilação de temperatura durante o enchimento deixou as plantas desuniformes. Esse grão não irá germinar”, explica o diretor executivo, Cássio Camargo.
A entidade solicitou na semana passada a inscrição emergencial de novos campos multiplicadores junto ao Mapa.Enquanto Brasília não dá retorno, a APPS recomenda o armazenamento do grão até a liberação oficial.
A produção estadual é suficiente para atender apenas 60% da área plantada. O restante deve ser “importado” de Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
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