Paiçandu - A área plantada do milho safrinha em consórcio com o capim braquiária vem aumentando dez mil hectares por ano na região da Cocamar, no Noroeste do Paraná. Mas a promessa de queda imediata na produção do grão ainda assusta os produtores, céticos em relação aos benefícios que a cultura pode trazer. Para tentar desmistificar os problemas do consórcio, alunos de agronomia da Universidade Estadual de Maringá (UEM), promoveram um Dia de Campo, em Paiçandu, na última quinta-feira. A intenção era explicar as vantagens do plantio associado das espécies e divulgar novidades para o cultivo do milho.

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O programa de introdução da braquiária nas plantações do milho começou em 2006, no Noroeste, sendo amplamente defendida pelos técnicos da Cocamar. Mesmo assim, apenas 30% da área da cooperativa adotou o consórcio neste ano, cerca de 40 mil hectares (dos 130 mil plantados). A resistência é explicada pela fórmula do sistema: para ganhar 10% na produção de soja do próximo verão, o produtor precisa perder agora 7% na produtividade do milho safrinha. No final das contas o negócio pode ser lucrativo, já que a soja vale bem mais que o milho. Mas antes de acreditar nos resultados já comprovados nas pesquisas, os agricultores estão preferindo fazer o teste por conta própria.

Luiz Versari já é veterano no sistema, mesmo assim, apenas 10% de sua propriedade em Paiçandu são cobertos pela associação do milho com o capim. "Começamos com menos e estamos aumentando a cada ano. Hoje temos 72,6 hectares com o consórcio, dos 726 plantados", diz. "Mas já deu para perceber que ela (braquiária) é muito boa para segurar a erosão. Mesmo em terreno caído ela segura bem a terra", continuou. A estabilidade do solo é, de fato, uma das vantagens que o sistema oferece.

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Mesmo os prejuízos com o milho podem desaparecer para os produtores persistentes que mantiverem o sistema por algum tempo. "A partir de três anos já não há mais perda na produtividade", explica o agrônomo da Embrapa, Julio Franchini, que deu detalhes no dia de campo. Já o gerente da Cocamar em Paiçandu, Adilson Esteves Nocchi, considera que a entrada da braquiária nas fileiras do milho é um processo definitivo. "No início havia o receio pela competição (entre braquiária e milho), mas a maioria já está perdendo o medo. O que se perde com o milho, se ganha com a soja", compara.

Vantagens

O sistema tem como objetivo o preparo do solo para o plantio de soja no verão. As raízes da braquiária são agressivas e conseguem penetrar até um metro no chão, descompactando o solo. A descompactação garante que a soja também penetre mais fundo com suas raízes. As pesquisas mostram ainda que a palha da braquiária eleva para 100% a área de cobertura do solo no período entre a colheita do milho e a germinação da soja.

O milho safrinha solteiro não tem o mesmo desempenho. Sozinho, ele produz seis toneladas de palha por hectare, e cobre 60% do terreno.