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Disputa por área nos EUA em 2008 já começou

Mesmo com a perspectiva de uma safra de soja razoável nos EUA, o mercado da oleaginosa em Chicago subiu sem parar nas últimas semanas. A força, até a quarta-feira passada, veio do trigo, cuja área plantada diminuiu cerca de 12 milhões de hectares em dez anos.

A influência do cereal nos preços da oleaginosa não é mera pressão psicológica. Com problemas climáticos nos EUA, Argentina, Austrália e Europa, o quadro de oferta e demanda do trigo está pra lá de complicado. Os estoques finais mundiais devem ficar em níveis muito baixos em 2007/08, mas a demanda não mostra sinais de exaustão. Diante do temor de abastecimento apertado, as cotações disparam para níveis recordes. Com preços atrativos, a tendência é de aumento da área plantada.

Nos EUA, trigo e soja competem diretamente por área em algumas regiões, como no leste do cinturão de produção norte-americano. A oleaginosa tenta então acompanhar a alta do cereal para não perder área e garantir o abastecimento no próximo ciclo. Na Europa, o trigo briga por área com a canola. Como os dois produtos são concorrentes, uma retração na área de canola aqueceria a demanda por soja para produção de óleo, o que também exerce pressão positiva sobre os preços do grão.

Elemento Novo

Desde quarta-feira passada, um outro elemento entrou na equação para ajudar nas valorizações da soja. Mesmo com a queda de 30 pontos nas cotações do trigo, a oleaginosa continuou subindo. Dessa vez, o movimento ficou por conta do aumento nos números do consumo de óleo de soja nos EUA – inclusive para a produção de biodiesel –, segundo a estimativa que o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) divulgou na quarta-feira passada em seu relatório de oferta e demanda mundial.

O desempenho do óleo foi tão bom que, além de puxar as cotações da soja para cima, ajudou a trazer o milho junto, a despeito da enorme safra que os EUA vão colher, nada menos que 338 milhões de toneladas, segundo o mesmo relatório do USDA. A alta do milho se explicou pela necessidade de o cereal não perder muita área para soja na próxima safra norte-americana. Curiosamente, no ano passado, foi justamente o contrário. A "febre do etanol" fazia o milho subir, e a soja tratava de correr atrás.

Fernando Muraro Jr. é engenheiro agrônomo e analista de mercado da AgRural Commodities Agrícolas, fmuraro@agrural.com.br, www.AgRural.com.br

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