A escalada da cotação do dólar registrada nos últimos dias tem incentivado os produtores brasileiros a antecipar as vendas da safra de soja que será colhida no ano que vem. Somente em setembro, a oleaginosa subiu 10% no Paraná, aponta levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab.). Na comparação com os valores praticados nesta mesma época do ano passado, os produtores estão recebendo R$ 10 a mais pela saca de 60 quilos, que chegou ontem à média de R$ 45,33.
Em algumas praças, a soja é negociada a R$ 50 por saca, relata Vinícius de Melo Xavier, analista da FcStone em Maringá. "Sempre que o preço atinge esse patamar, o mercado tende a girar bastante. Muitas vezes o produtor não tem interesse em negociar a R$ 47, R$ 48, mas quando chega a R$ 50 vende na hora. Na cabeça do produtor, é uma espécie de número mágico."
Conforme a consultoria, 25% da produção que será colhida em 2012 estão comprometidos. O índice representa um avanço de dez pontos porcentuais na comparação com o apurado pela FcStone há um mês e supera em cinco pontos a média dos últimos cinco anos.
A alta do dólar teria sido um dos principais fatores de aceleração dos negócios. Desde o início do mês, a moeda norte-americana avançou 15% sobre o real e tem compensando com folga a desvalorização da soja no mercado internacional, que acumula baixa de 9% na Bolsa de Chicago. Ontem, o primeiro contrato da oleaginosa caiu 17,5 pontos e foi a US$ US$ 13,205 o bushel (27,2 quilos), ou US$ 29,13 a saca de 60 quilos, a menor cotação desde 8 de agosto.
O milho segue na esteira da soja. No Paraná, avançou para R$ 23,59 a saca 6% acima de agosto e 42% além da média de setembro de 2010. A alta é superior à registrada no mercado internacional, que acumula alta de 36% nos últimos 12 meses em Chicago. Ontem, após pequena queda de 4,5 pontos, o primeiro contrato do milho terminou os negócios trocando de mãos a US$ 6,8575 o bushel (25,4 quilos) na bolsa norte-americana, o equivalente a US$ 16,20 por saca.