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A forte valorização do real não poderia vir em hora pior para agricultura do Paraná: em plena entrada de safra e num ano em que o clima mais uma vez não ajudou a atividade no estado. O real supervalorizado não só gera diminuição do faturamento e, por conseqüência, da rentabilidade da atividade agrícola, como, no caso específico da soja, afeta o coração da formação de preços da atividade, a mais importante do setor agrícola do estado e do Brasil.

A moeda brasileira vitaminada faz os custos logísticos explodirem. Isso porque os custos de logística (frete, porto, pedágios, óleo diesel) estão todos atrelados ao forte real enquanto a formação de preço do produto está toda em dólares, atrelada ao mercado internacional. Ocorre, por conseqüência, um descasamento das moedas e um aumento expressivo dessas despesas.

Suponhamos que o custo de logística da tonelada de soja de Cascavel para Paranaguá seja de R$ 60,00. Quando o câmbio está a R$ 3,00 para cada dólar, temos um frete médio em dólares de US$ 20,00. Mas se considerarmos o câmbio atual na faixa de R$ 2,15, o gasto logístico sobe para US$ 28,00, uma diferença de US$ 8,00 por tonelada ou US$ 0,50 por saca, que será naturalmente descontado do produtor na ponta final. Detalhe: para o Centro-Oeste, muito mais distante, a perda chega a US$1,50 por saca.

O quadro acima nos mostra a diferença dos preços em dólares da saca de 60 quilos entre Cascavel e Paranaguá no mês de março de cada ano. Essa diferença nada mais é do que o custo logístico envolvido no processo. Na média de 1999 a 2004, durante o período de desvalorização do real, a diferença entre estas duas praças era de US$ 1,15 por saca. A projeção da AgRural para o próximo mês é de que ela atinja US$ 1,60, sendo que, no ano passado, quando o real já vinha apresentando apreciação, foi de US$ 1,50 por saca.

Em outras palavras, este quadro nos mostra como o câmbio forte ceifa a renda do produtor agrícola pelo lado da logística, um custo muitas vezes obscuro, que torna a atividade inviável sob essas condições. Ainda mais em um ano de safra menor. Hoje o setor está anestesiado, amanhã gritará.

fmuraro@agrural.com.br

Mais informações:www.AgRural.com.br

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