A expansão da soja e do milho re-estruturou a economia da Região Nordeste, de acordo com levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A produção de grãos, mais concentrada nos estados da Bahia, Maranhão e Piauí, dobrou em uma década, chegando a 12,5 milhões de toneladas na última safra, com a média de 2,5 mil quilos por hectare. O volume contempla a produção de nove estados.
Com 4,8 milhões de toneladas (7,8% da produção nacional na última safra), a soja assumiu a liderança do Valor Bruto da Produção agrícola nordestina, ultrapassando a marca de R$ 2 bilhões, à frente de culturas tradicionais que faziam frente neste ranking, como banana, mandioca e cana-de-açúcar.
O milho alcançou 4,5 milhões de toneladas, ou 7,7% da produção brasileira, segundo a CNA, e também está entre os dez produtos que mais valem no balanço em real. A Bahia é o estado nordestino que mais produz esses dois grãos, com 57% e 43%, respectivamente.
Com o avanço na produção de grãos, o peso dos produtos agropecuários na balança comercial se acentuou. Enquanto em âmbito nacional as exportações do setor representaram 36,4% do total embarcado, no Nordeste esse índice chegou a 38,2% em 2007, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Foi o agronegócio que impediu déficit na balança comercial nordestina nos últimos anos. Se dependesse apenas dos demais setores, a região teria registrado saldos negativos desde 2006. O superávit do agronegócio chegou ao pico de US$ 4 bilhões em 2007, equilibrando importação e exportação.
A importância do agronegócio se manifesta também internamente: perto de 8% do PIB nordestino vêm da agropecuária. O Nordeste é a região mais pobre do país, o que faz com que a cadeia do agronegócio ganhe crescente importância.
Um exemplo do papel social da produção de grãos é a geração de empregos em regiões carentes. "Quem tem um pouco de conhecimento sobre a atividade agrícola e a operação de máquinas é contratado na hora por aqui", afirma Manoel Henrique Pereira Júnior, de Anapurus (MA). "Falta gente capacitada para administrar as fazendas", relata Wilson Marcolin, de Uruçuí (PI).