O aumento de 10% na produção de milho no último ano – verão e inverno somam 80 milhões de toneladas – não representou incremento à geração de renda no campo. Pelo contrário, o produto perdeu valor e agora tecnicamente dá prejuízo. Se forem levar em conta somente essas avaliações técnicas, os produtores deverão reduzir a produção em 2013/14. E existem lideranças do setor defendendo que esse é o caminho mais curto para reequilibrar o mercado.
As dificuldades encontradas para o escoamento da produção recorde de milho de inverno e os baixos preços pagos pelo cereal colocaram as entidades do setor nos principais estados produtores – Mato Grosso, Paraná e Mato Grosso do Sul – em estado de alerta.
“O agricultor precisa ser racional. Terá novos problemas com armazenagem e preço. O ideal seria redução [da safrinha]. Mas isso é praticamente impossível, então vamos trabalhar para, ao menos, não aumentar”, afirma Nelson Piccoli, diretor financeiro e administrativo da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato). O estado é líder no cereal com mais de 20 milhões de toneladas em 2013 após avanço de 25%.
A renda pode não cobrir os gastos também o Paraná, conforme a engenheira agrônoma do Departamento de Economia Rural (Deral) do estado Juliana Yagushi. “[O baixo preço atual] é resultado da pressão que a grande oferta faz no mercado. O produtor não pensou nisso.” O Paraná aumentou a produção de 8% em 2012/13, a 18 milhões de toneladas.
Apesar dos apelos, os problemas de armazenagem, principalmente em Mato Grosso, onde há milho em céu aberto, e a queda no preço do cereal desde março dificilmente limitarão o plantio da próxima safrinha. Para o presidente da Aprosoja, Carlos Fávaro, a expectativa é de que o país registre novo crescimento de produção. “O produtor não vai deixar de plantar. Essa é sua vocação”, sentencia.