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Em queda contínua, custos aliviam bolso do produtor

O resultado final da safra ainda depende do clima, mas pelo menos uma boa notícia já está confirmada. Os custos de produção, que explodiram e complicaram a vida do produtor na ciclo passado, estão mais baixos nesta temporada. Levantamento da Expedição Safra RPC mostra que plantar soja no Brasil ficou em média14,6% mais barato neste ano e que o desembolso do milho caiu 20,5% na comparação com o ciclo anterior.

Mas nem todo mundo conseguiu tirar proveito da queda. Isso porque o preço dos principais itens que compõem a "cesta básica do campo" vem caindo gradualmente nos últimos meses e, por isso, o porcentual de redução dos custos varia de acordo com a época que o produtor foi às compras. No geral, quem deixou para comprar insumos mais tarde levou vantagem.

"Fiz minhas compras mais cedo (janeiro), à base de troca, e o custo ficou em 28 sacas/hectare. Se tivesse esperado até julho teria conseguido uma relação melhor, de 25 sacas/hectare", lamenta Alfredo Horn, de Nova Mutum (MT). Horn vive o mesmo drama da maioria dos produtores brasileiros.

Roberto Hasse, de Pato Branco, no Sudoeste do Paraná, comprou os insumos para a safra de verão em fevereiro. Ele afirma ter gasto cerca de 30% a menos com adubos neste ano, mas diz que se tivesse feito as compras mais tarde a economia poderia ter sido de até 50%. "Comprei o 11-28-15 para a soja, que no ano passado custava R$ 110 a saca, por R$ 66. Se fosse comprar hoje, gastaria apenas R$ 40", ilustra.

Altair Fianco, de Uruçuí (PI), conseguiu reduzir seus custos de produção comprando os insumos antecipadamente no ano passado. A estratégia deu tão certo que ele resolveu repetir a dose neste ano. Mas desta vez o resultado não foi tão bom assim. Ele cita o exemplo do cloreto de potássio, que no ano passado custava R$ 1,8 mil a tonelada. Em julho deste ano, Fianco comprou por R$ 1,58 mil. Hoje, o preço caiu para R$ 1 mil. "Só aí perdi R$ 300 mil", calcula.

Argino Bedin, produtor de grãos em Sorriso e Nova Ubiratã (MT), calcula que baixou suas despesas diretas em 10% em relação ao ano passado, mas que o recuo poderia ser de até 20%, a depender da época de contratação da safra.

"O adubou baixou neste ano, mas o preço de todos os outros insumos subiu. Além disso, o ano passado não é referência. Estava tudo muito caro", compara Wanderley Esteves, de Matelândia, no Oeste paranaense.

Clóvis Albuquerque, agrônomo e consultor do Sindicato dos Produtores Rurais de Primavera do Leste, confirma que a redução é significativa ante o último ciclo, mas que o porcentual depende da época em que o produtor comprou o adubo. "O fertilizante baixou de US$ 550 para US$ 250 a tonelada na mesma safra. E como no Mato Grosso o adubo representa 28% do custo de produção, uma pequena redução tem um um grande impacto nos custos."

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