Há seis meses, exportar 10 milhões de toneladas de milho era uma missão que parecia impossível. Hoje, um desafio previsível. Depois de patinar durante boa parte do ano, as vendas externas do cereal voltaram a se aquecer no mês passado e devem continuar em elevação até o início de 2011. Entre janeiro e agosto de 2010, foram 3,5 milhões de toneladas exportadas, 1,2 milhão apenas no último mês, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Foi a primeira vez em 2010 que os embarques brasileiros do cereal superam a marca de 1 milhão de toneladas mensais.
No balanço do ano, contudo, as exportações ainda correm 10% atrás do ano passado (3,9 milhões de toneladas). Mas a programação de navios nos portos indica que o saldo pode voltar a ficar positivo em setembro. Segundo analistas, perto de 2 milhões de toneladas de milho devem deixar o país até o final deste mês. Confirmado, será o melhor desempenho mensal da história. Em outubro de 2007, recorde até agora, o país exportou 1,8 milhão de toneladas do cereal. Naquele ano, os embarques somaram quase 11 milhões de toneladas: foi a única vez que as exportações brasileiras de milho ultrapassaram a casa das 10 milhões de toneladas.
Se não for quebrado, o recorde de 2007 deve ser ao menos igualado em 2010, preveem analistas. Flávio Turra, gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), acredita que "pelo menos 9 a 9,5 milhões de toneladas de milho vão para fora". Aedson Pereira, da AgraFNP, relata que a consultoria ainda está concluindo a sua estimativa de setembro, mas diz que o número "certamente ficará entre 9 a 10 milhões de toneladas".
Odacir Klein, procurador da Abramilho, declara que a associação trabalha com a meta da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que prevê exportações de 9,5 milhões de toneladas, mas afirma que não ficará surpreso se os embarques ultrapassarem 10 milhões de toneladas. Paulo Molinari, da Safras&Mercado, afirma ser "praticamente certo" que as exportações atinjam esse volume.
"Temos um cenário parecido com o de 2007, em função da quebra de safra na Europa", justifica Klein. A diferença, destaca Pereira, é que há três anos a relação entre estoque e consumo mundial era bem mais apertada.
O índice, que recuou a 20% em 2007/08, deve avançar a 27% na temporada atual, conforme dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Isso significa que, o volume de milho disponível ao final da safra era suficiente para apenas dois meses e meio de consumo há três anos. Atualmente, há excedente para suprir o mercado mundial por mais de três meses.
"Brasil, Argentina e Estados Unidos, os três maiores exportadores de milho do mundo, tiveram safras excepcionais em 2009/10. O grande fator limitador às exportações brasileiras é a melhora da relação estoque/consumo. E a estrutura portuária também acaba travando um pouco", considera o analista da AgraFNP.
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