Esteio(RS) - Pequeno agricultor gaúcho que se preze não "gasta pólvora em chimango" plantando soja e milho. Co­­bre a terra de porongo e erva-mate, produtos que estão rendendo mais do que as lavouras de grãos. A conta vem do lápis de gaudérios como Pedro Brizolla, de No­­vo Barreiro (Noroeste gaúcho, a 400 quilômetros de Porto Alegre). Ele retira em média 7 toneladas de erva de 11 hectares por mês e vende a preços que vão de R$ 2,9 a R$ 4 o quilo. Nove peões peleam diariamente para cuidar dos 27 mil pés de erva-mate.

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"Toda a erva-mate que colhemos tem comprador esperando", relata Brizolla faceiro. Ele planta soja em outros 11 hectares, mas conta que, se não fosse a erva mate, estava "no mato sem cachorro". "Pouco a pouco, vou enchendo tudo de erva."

Como nos grãos, é preciso produzir às pampas para elevar a rentabilidade do campo na cadeia do chimarrão, atesta o plantador de porongo e fabricante de cuias de chimarrão Nilson dos Santos, de Vicente Dutra (divisa com Santa Catarina). Ele entrega de 500 a 1.000 cuias prontas por mês. Quando vendida direto ao consumidor que gosta de chimarrear, cada uma rende até R$ 30. "Tenho 4 hectares de porongo e 6 de milho, mas o milho é só para um extra." Seu município possui 5,8 mil habitantes, e tem pelo menos 70 produtores e re­­ceptores de porongos, proseia.

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O porongo compete diretamente com as culturas de verão. É plantado em agosto e colhido em janeiro. Depende de chuva regular para render cuia de qualidade. Nos depósitos, os artesãos trabalham o ano inteiro, para não sentir o cabresto apertar nas contas de casa.

Um acordo entre a Agência Brasileira de Promoção de Ex­­portações e Investimentos (Apex) e a Associação Bra­sileira das Indústrias Ex­­por­ta­doras de Erva-Mate (Abimate) pro­mete ampliar as exportações em 20% em dois anos. A cadeia do chimarrão arrecadou US$ 46 milhões com embarques ao exterior em 2008. O produto quer sair das cuias e competir com chá-verde, refrigerantes e essências de sabonete.