Com um possível estoque de passagem "negativo", abaixo de patamares aceitáveis de segurança, e as cotações nos níveis em que estão, tudo é possível, diz Ancêde. Ele explica que, neste momento, qualquer análise de preços mais baseada na oferta e na demanda fica comprometida, devido ao cenário de especulação e incertezas em relação aos dois principais players do lado da oferta. Ele refere-se à seca registrada nos Estados Unidos e ao risco climático que envolve o plantio na América do Sul.
Na avaliação de Ancêde, o mercado exagera por causa do pânico provocado pela escassez, o que dificulta uma previsão sobre seus movimentos. De qualquer forma, ele acredita que haverá correção de rumo. Os fatores determinantes estão na consolidação da safra norte-americana, em fase inicial de colheita, e na aposta sul-americana no ciclo 2012/13.
Porém, mais do que saber o real tamanho da quebra nos Estados Unidos, alerta Ancêde, o mercado vai esperar a definição da safra no Brasil, por exemplo, antes de se acomodar. A espera não deve considerar somente a intenção ou a finalização do plantio, mas parte do desempenho das lavouras, o que deve levar alguns meses. "O mercado vai ficar nervoso até chegar à conclusão que a safra na América do Sul vai bem."
Sobre a explosão de preços, o analista defende que as cotações têm fôlego e motivação para novos picos. Diz que não vai se surpreender se a soja atingir de US$ 19 a US$ 20/bushel e o milho entre US$ 9 e US$ 9,50/bushel. As altas seriam resultado principalmente do racionamento nos Estados Unidos, que passa pelo controle e redução da destinação de milho à produção de etanol e pela necessidade de importação de soja e também do cereal ao longo da temporada, de forma a garantir o abastecimento interno e o atendimento aos contratos de exportação.
Por tudo isso, destaca Ancêde, o mercado deve passar por outros sustos até o final do ano. As análises fundamentais servem e funcionam para condições de normalidade, considera.