Campo Grande - A necessidade de treinar produtores, jovens, assentados e de formar técnicos agrícolas levou cooperados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul a acreditar num projeto apontado como uma das maiores escolas agrícolas do Brasil. A Cooperativa dos Produtores do Centro-Oeste (Conacentro) ganhou o prêmio Cooperativa do Ano pela iniciativa, na categoria Responsabilidade Social – Educação.

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O projeto "Centro de Educação Profissional José Antônio Pinesso: Uma proposta educacional de sucesso" é resultado de esforços da família Pinesso. O nome da Ejap é homenagem ao mentor da escola agrícola que forma profissionais disputados no Centro-Oeste. O filho de José Antônio, Gilson Pinesso, hoje é diretor da escola.

A Conacentro tem sede em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, mas desenvolve o projeto em Nova Ubiratã, em Mato Grosso, onde mantém uma filial. Numa região de grandes áreas agrícolas, tem 95 cooperados e cerca de 60 funcionários. A escola agrícola é direcionada inclusive para não-associados – há 94 formados e devem ser emitidos mais 110 diplomas neste ano.

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Para Gilson, a "escola é o exemplo de como os cooperados podem se reunir e, sem medir dificuldades, realizar um bom trabalho". Situada na Fazenda Água Limpa, capacita filhos de produtores e assentados que moram fora do município de Nova Ubiratã, em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Em frente ao computador, em laboratório ou em aulas práticas na terra, os alunos têm acesso a informações junto a agrônomos voluntários. Cerca de 70% dos professores dão aulas gratuitamente. De acordo com o diretor, o corpo docente conta com doutores especialistas em assuntos como fertilidade e pragas da lavoura.

Os estudantes permanecem cerca de dois anos na Ejap. Eles não precisam comprar material, estudam gratuitamente o dia todo, realizam o ensino médio e podem ingressar a partir dos 16 anos na escola agrícola. Acostumados ao campo, precisam comparecer a 75% das aulas e ter nota 6.0. Quando concluem a formação, apresentam uma monografia e, se aprovados, recebem certificados reconhecidos pelo Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea) e pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC).

A escola possui inclusive uma rádio comunitária onde os futuros profissionais podem desfrutar de momentos de lazer, ter aulas no estúdio e até interagir na programação. "As aulas me ajudaram muito. Hoje posso trabalhar com a terra e facilitar a vida do meu pai no assentamento", afirma o técnico agrícola Marcos Rodrigo Vian. O pai dele, Jair Marcos Vian, relata que não acreditava que o filho iria "pegar na enxada ou ser técnico agrícola". A mãe, dona Giane Jappe, orgulhosa, fala que a escola é uma "bênção".

As aulas são em cima das safras de soja, algodão, feijão, arroz, girassol e milho em propriedades com mais de 65 mil hectares. "Na fazenda, há fabricação de adubos e ração, além de sistema de armazenagem e beneficiamento de algodão", relata Gilson. O professor Fausto Alvarenga destaca a importância do projeto: "O filho do produtor vai levar os ensinamentos para casa. Ele vai difundir as novas tecnologias que aprendeu e melhorar as suas produções".

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