Campo Mourão A superpopulação de pombas, conhecidas por amargosas, tira o sono e causa prejuízos aos produtores de soja da região de Campo Mourão (Centro-Oeste). Na tentativa de encontrar soluções para o problema, eles investem em métodos paliativos de controle e aumentam o custo da lavoura.
O agricultor Nelson Teodoro, que há uma semana plantou 350 hectares de soja na propriedade em Iretama, não sabe mais o que fazer para reduzir o prejuízo e tentar conter o ataque das pombas que estão devorando a plantação. "Elas comem o broto da soja e a planta acaba morrendo", explica Teo-doro. A iniciativa de cercar parte da lavoura com espantalhos confeccionados com TNT (material utilizado em fraldas descartáveis), além de gerar um custo alto com o material, não trouxe os resultados esperados. "Elas se acostumaram com a cor do tecido e voltaram a atacar", conta Oliveira. Para evitar perdas maiores, o agricultor contratou 10 funcionários com motos e já gastou mais de R$ 1,5 mil na compra de fogos de artifício. "É a alternativa que está trazendo um pouco de resultados." Ele lembra que mesmo com as buzinadas, o barulho da moto, o estouro dos foguetes e os gritos na plantação, ainda não conseguiu se livrar das pombas. "A cada foguete, elas se deslocam para uma determinada área e minutos depois estão no mesmo local."
Com a grande quantidade de fogos usados nas plantações, Oliveira conta que começou enfrentar problemas para comprar o produto. Como parte dos agricultores está utilizando o método, os fogos começaram a faltar.
Corintiano de carteirinha, Oliveira brinca que ainda está levando sorte para comprar fogos de artifício em cidades maiores. "Co-mo o time do São Pa-ulo foi campeão, ainda é possível encontrar o produto em grandes mercados. Se o Corinthians conquistasse o título, não existiriam mais fogos", diz Oliveira.
O agricultor lembra que, em dias de calor intenso, o ataque acontece em dois períodos, na parte da manhã e ao final da tarde, quando as temperaturas são menores. Quando está nublado, é preciso ficar o dia todo de olho na lavoura.
O trabalho de espantar as pombas obrigou também o caseiro da propriedade, Rafael Massaro, a investir na compra de uma motocicleta nova. "Como a área é grande, não era possível fazer o trabalho a pé", conta Rafael, que percorre, em primeira marcha, cerca de 200 quilômetros por dia espantando as pombas. "É um trabalho extremamente cansativo por conta dos tombos na área de plantio e por causa das dores de garganta", diz ele, crente que, se o trabalho não fosse feito, cerca de 20% da lavoura seria perdida.
Com a soja plantada há cinco dias, o agricultor Gilberto Paglia, comprou diversas caixas de foguetes, colocou vários espantalhos na propriedade e ainda contratou um batedor de tambor para não ter prejuízos. "Mesmo assim elas atacam. Algumas pombas chegam a ciscar para tirar a semente do solo", conta Paglia. Ele lembra que quando o vizinho lança os fogos de artifício, a aves invadem a sua lavoura. "Aí o trabalho aumenta".
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