Em artigo publicado no relatório de Consultoria Estratégica de Longo Prazo (CELP), de fevereiro de 2006, Victor Abou Nehmi Filho, consultor associado do Instituto FNP, justifica porque na sua avaliação "o rebanho é menor do que se diz". Ao antecipar as conclusões do Anualpec 2006 sobre o tamanho do rebanho bovino brasileiro, ele explica que o cruzamento dos dados de desmatamentos com a evolução da área de agricultura desde o último censo agropecuário "levou-nos à conclusão de que a área de pastagens no Brasil cresceu apenas 5 milhões de hectares desde então".
Com base nessa relação, Nehmi Filho considera que, mesmo com os avanços tecnológicos ocorridos, o rebanho bovino brasileiro médio de 2005 deve ter sido de aproximadamente 164 milhões de cabeças. Ou seja, menor do que indicam as diversas estimativas correntes, inclusive a de 204 milhões de cabeças do IBGE.
Na opinião do consultor, a ausência de um censo mais periódico "lança o setor agropecuário na escuridão das estatísticas, uma vez que quanto mais distante da última pesquisa, maior tende a ser o erro dos modelos matemáticos utilizados para estimar os rebanhos". Para sustentar seus números, a FNP utiliza ainda os dados da vacinação contra a febre aftosa, ciclo pecuário, problemas climáticos e migração de atividade.
A metodologia do IBGE no censo agropecuário segue as mesmas diretrizes do censo populacional. Na fase da coleta de dados, os técnicos do instituto visitam todas a propriedades rurais do Brasil. A sondagem é feita nos imóveis ou estabelecimento agropecuários com fins comerciais, aqueles que possuem um rebanho comercial, explica Arnaldo de Oliveira, supervisor de Agropecuária do IBGE no Paraná. Ele não concorda com os números levantados pela iniciativa privada. Na sua opinião, somente um novo censo pode confirmar o verdadeiro rebanho bovino.
Para Eduardo Pedroso, da Associação de Criadores de Nelore, o desencontro de estatísticas sugere o raciocínio de um número médio de 180 milhões de cabeças: "a relação de um boi para cada habitante". O gado nelore e anelorado responde por aproximadamente 80% do rebanho de corte no Brasil, entre 90 e 100 milhões de cabeças.
Tanto pelo IBGE como pela FNP, o Paraná tem o 10.° rebanho do Brasil . A liderança é dividida entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul que, juntos, alojam 1/4 do total de cabeças do país.