Os estragos causados pela estiagem que atingiu o Paraná principalmente entre novembro e dezembro do ano passado devem reduzir a produção de grãos em 23%, conforme nova estimativa do Departamento de Economia Rural (Deral), órgão da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab). A quebra foi calculada sobre o potencial da área cultivada. A produção do verão deve se limitar a 17,3 milhões de toneladas de grãos.
"As regiões Oeste, Norte e Sudoeste foram as mais castigadas, com um volume considerável de perdas em relação à produção estimada", comenta Margorete Demarchi, engenheira agrônoma do Deral. Se confirmada a estimativa, haverá uma redução de 22% em relação à safra de verão 2010/11, quando o Paraná produziu 22,2 milhões de toneladas de grãos.
Na safra atual, as principais culturas de verão soja, milho e feijão da primeira safra somam perdas de 5 milhões de toneladas, dos quais a soja responde por 68%. No total, o prejuízo financeiro chega a R$ 3,3 bilhões, conforme os dados divulgados pela Seab.
A região Oeste foi a mais prejudicada com a estiagem, onde as perdas com a soja corresponderam a 37% da produção regional de grãos. Em volume, foram perdidas 1,5 milhão de toneladas.
O milho da primeira safra também registrou perda expressiva. A estimativa de produção, inicialmente de 7,6 milhões de toneladas, foi reduzida para 6 milhões de toneladas queda de 20,4%. O prejuízo apurado até agora foi de R$ 604,2 milhões.
Da mesma forma, o feijão da primeira safra foi prejudicado, com quebra de produção de 19%. A estimativa foi reduzida de 435 mil toneladas para 352,2 mil toneladas prejuízo de R$ 139,2 milhões aos produtores. No caso do feijão, informa o Deral, o aumento nos preços está compensando parte das perdas.
Milho de inverno
O retorno das chuvas em janeiro e fevereiro favoreceu o início do plantio do milho safrinha. Margorete lembra que a corrida é para se plantar o quanto antes para evitar perdas com as geadas que podem atingir o estado durante o inverno. Na safra 2010/11, parte da produção foi perdida por causa das geadas. "Há preocupação porque essa é uma cultura para compor a renda do produtor, que tem na safra de verão o carro-chefe", avalia a agrônoma do Deral.
A estimativa para o milho safrinha, segundo dados da Seab, é de aumento de 52% em relação à safra anterior, passando de 6,3 milhões de toneladas para 9,6 milhões de toneladas em 2011/12. A área ocupada pela cultura pode chegar a quase 2 milhões de hectares.
Ao contrário do milho safrinha, o levantamento mostra que a área plantada de trigo no estado deve ter redução de 15%, caindo de 1 milhão de hectares na safra 2010/11 para 891,3 mil ha na safra 2011/12.