No final do mês de março, antes do início do plantio no Hemisfério Norte e ainda com base nas vendas de sementes e fertilizantes, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) acreditava em uma área recorde de 31,1 milhões de hectares plantados com soja. Tudo por causa do expressivo aumento dos custos de produção do milho, que saltaram de US$ 430 para US$ 500 por hectare, em virtude da elevação dos preços dos fertilizantes nitrogenados, utilizados na gramínea e produzidos a partir do petróleo cada vez mais caro. Por conta da explosão dos custos do milho, a aposta era de que os produtores migrariam para a soja, bem mais barata.

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Na última sexta-feira, porém, este mesmo USDA reviu suas estimativas iniciais de área cultivada nos Estados Unidos para a temporada 2006/07. A área de soja, que era calculada em 31,1 milhões de hectares, agora é estimada em 30,3 milhões. Já a de milho, que era para ser de apenas 31,6 milhões, subiu para 32,1 milhões de hectares. Conforme mostra o gráfico abaixo, a área de soja não é mais recorde como se previa anteriormente. Não deixa de ser uma boa notícia para o produtor brasileiro, ainda mais em ano de grandes estoques no mundo.

A febre do etanol é uma boa explicação para as mudanças nas estimativas. Segundo números do próprio USDA, o uso de milho para a fabricação do combustível que será misturado à gasolina dos Estados Unidos deve chegar a 55 milhões de toneladas na temporada 2006/07, contra 41 milhões na passada e 33 milhões há dois anos.

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Outro detalhe sobre a efervescência do álcool de milho é saber que hoje existem aproximadamente 100 fábricas de etanol em funcionamento em terras ianques, e que mais 33 devem entrar em operação até o final do ano. Nesse ritmo, o consumo de milho para a fabricação de etanol pode atingir 66 milhões de toneladas na virada da década, o dobro do consumido na safra 2004/05. Alguns acreditam em até 70 milhões de toneladas.

Com toda essa tendência de consumo, o produtor norte-americano, que adora e sabe plantar milho – os Estados Unidos são um dos poucos países que conseguem produzir 10 toneladas por hectare –, reviu seus conceitos e voltou a investir na gramínea. Isso resultou em menos área para soja, e aí está a outra boa notícia para o sojicultor brasileiro. Afinal, temos a tendência assinalada no médio prazo – leia-se até a virada da década – de mais milho e menos soja por lá, abrindo a possibilidade de incremento por aqui.

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