Em relação ao potencial produtivo da temporada, qual o porcentual de quebra da safra de soja e milho de Iowa?
Nós temos cerca de 14 milhões de acres de milho (5,7 milhões de hectares) e 9 milhões de acres de soja (3,6 milhões de hectares). Estamos estimando [que a colheita vai render] dois terços da produtividade normal, ou talvez três quartos. No ano passado, colhemos média de 172 bushels/acre de milho [10,8 mil quilos por hectare]. A última projeção do Usda é 141 bu/acre para este ano (8,85 t/ha). A maior parte das lavouras da região central estão rendendo um pouco menos que isso. No ano passado, colhemos 51 bu/acre de soja (3,43 t/ha); a última projeção do Usda é 43 bu/acre (2,89 t/ha). Se essas chuvas vierem, acredito que podemos ter até um pouco mais de 50 bu/acre (3,36 t/ha). Se não vierem, algumas áreas podem colher 25 bu/acre (1,86t/ha) ou até menos.
Como está a frequência das chuvas em Iowa?
Temos algumas áreas que recebem chuvas semanais, mas este é o quinto ou o terceiro verão mais seco na série de registros que abrange 136 anos. E um dos mais quentes. Em julho, recebemos um quarto do volume médio de chuva para esse mês, e as lavouras precisam do dobro da média histórica.
Os EUA vão diminuir o volume de milho destinado ao etanol?
Sim, é possível. No ano passado usamos aproximadamente 5 bilhões de bushels (perto de 130 milhões de toneladas) para produzir etanol. Parte desse milho vai para ração [como DDG] então, o volume real acaba sendo um pouco menor. Para este ano, a estimativa é de uma redução de 10%, com grandes chances de uma redução de 20%.
Os altos preços dos grãos são um grande problema para a indústria de carnes?
Sim, um grande problema. A expectativa era de preços de milho ao redor de US$ 4/bushel. Atualmente está custando US$ 8/bu, uma diferença enorme. A avicultura é mais flexível, pode reduzir a produção mais rapidamente, o que provavelmente já está acontecendo. A suinocultura está abatendo matrizes. A mesma coisa na bovinocultura, apesar de o gado ser um pouco mais resistente ao calor. Quando não há pasto suficiente, é possível aumentar a participação da ração na alimentação, apesar do milho estar tão caro.
Qual a participação da soja e do milho na economia de Iowa?
O agronegócio como um todo participa com cerca de 25%. É um número muito representativo, referente não apenas ao valor de comercialização dos produtos [VBP], mas ao impacto da produção agropecuária em outras áreas, como o setor bancário, de seguros, de máquinas agrícolas, etc.
O fato de o Brasil se tornar o maior produtor e exportador de soja muda a estratégia dos EUA?
Não necessariamente. [Nos últimos anos] vimos o Brasil crescer muito em produção e exportação. Desta vez [neste ano] há muita incerteza [de abastecimento] porque estamos tendo uma queda muito grande no rendimento da safra. Nós esperamos ter essa produção de volta na próxima temporada [2013/14]. Então não sei se a quebra muda a nossa estratégia. Neste momento o que sabemos é que precisamos de soja, não só nos Estados Unidos, mas no Brasil e no mundo inteiro.
Como o governo, estadual ou federal está ajudando os produtores?
A maior medida é o seguro, um sistema que existe há muito tempo e está muito bem estruturado. O governo federal arca com 60% do custo. O produtor escolhe o nível de cobertura que quer contratar, mas é sempre subsidiado pelo governo. Sem o apoio do seguro, muitos produtores não poderiam plantar a próxima safra.
O senhor acredita que os EUA vão comprar etanol de cana do Brasil neste ano?
É possível. A Califórnia já chegou a importar etanol do Brasil em anos anteriores, ao mesmo tempo em que nosso etanol de milho era exportado para o Brasil. Vai depender dos preços e dos incentivos ao uso de etanol, da política adotada pelo governo. Mas certamente iremos reduzir a quantidade de milho destinada à fabricação de etanol. A demanda ainda existe porque o etanol ainda está mais barato que a gasolina.
Colaborou Luana Gomes.
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