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De 1990 pra cá, desde que a compra do trigo deixou de ser exclusivamente do governo federal, o grão cultivado no Brasil registra um salto de qualidade. Esse avanço permitiu que a dependência brasileira do cereal importado diminuísse nos últimos anos.

De acordo com especialistas no assunto que estarão na terceira edição da Conferência Latino Americana de Cereal Brasil 2015 (LACC3), entre 29 de março a 1.º de abril, na ExpoUnimed, em Curitiba, o país poderia até exportar caso alguns aspectos da comercialização e o clima colaborassem, pois área para o cultivo não falta. “O problema são os preços dos insumos e a falta de garantia na comercialização. A nossa tecnologia é excelente”, afirma a pesquisadora Eliana Guarienti, da Embrapa Trigo.

Diante do aumento da população mundial, o Brasil teria uma posição ainda mais importante na hora de “alimentar” o mundo. Porém, destaca a pesquisadora, mais até do que quantidade, o desafio é garantir a qualidade do trigo que chega à mesa das pessoas.

“Temos resíduos de pesticidas e, principalmente, de dessecantes, seríssimo. Os agricultores têm usado dessecantes na pré-colheita pra uniformizar a lavoura e antecipar a colheita, o que não é autorizado”, alerta.

Esse é um dos temas que a pesquisadora vai apresentar durante o evento, realizado pela primeira vez no Brasil. “O país foi escolhido por causa do pedigree agrícola. A organização enxerga no Brasil uma das únicas alternativas para exportação de alimentos”, frisa o coordenador do comitê organizador, Eduardo Feliz.

Durante os quatro dias de conferência, serão 78 palestras, além de uma programação extensa com temas abrangentes, desde a produção agrícola dos cereais até o consumo final, passando pela logística da cadeia e os cuidados sanitários.

“Nós nos preocupamos em dar espaço ao momento que o país vive, do ponto de vista macroeconômico. É um evento que se aproxima dos empresários”, comenta Feliz.

Entrevista Eduardo Feliz, coordenador do comitê de organização da LACC3 e diretor da Granotec, empresa que realiza a conferência.

Por que o Brasil foi escolhido como sede?Nós já tivemos a LACC3 na Argentina e no Chile, e pela primeira vez faremos o evento no Brasil. E esse vai ser o maior dos três. Neste ano, o ICC [Associação Internacional da Ciência e Tecnologia dos Cereais que promove a conferência] completa 60 anos e é um ano simbólico. Eles veem no Brasil uma das únicas alternativas para a exportação de alimentos.

O evento conta com uma agenda bem ampla. Qual o objetivo dessa abrangência?Nós nos preocupamos em dar espaço ao momento que o país vive, do ponto de vista macroeconômico, com os financiamentos públicos, as questões de governança. Então, criamos uma âncora extracientífica. Teremos a Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], por exemplo, falando dos aspectos regulatórios, da atual mudança nos rótulos, dos cuidados nas indústrias. É um evento que se aproxima dos empresários.

Quais os destaques do ponto de vista científico?Vamos trabalhar com alguns vetores. Um deles é a segurança alimentar. Nós temos um esgotamento das terras e da água, mas a população continua crescendo. Pelas projeções da FAO [Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura], nós teremos uma crise já nas próximas décadas se os recursos não forem explorados de forma adequada. Além disso, terra e água são recursos disputados por vários setores da economia.

ServiçoConferência Latino Americana de Cereal Brasil 2015 (LACC3)Data: 29/03 a 01/04Local: Expo Unimed CuritibaInscrições pelo site: lacc3brazil.com

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