Bom Jesus - O clima promete privilegiar as lavouras da região que envolve Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, o MaToPiBa, nesta temporada. Com previsão de chuva farta em ano de La Niña ao contrário do que ocorre no Sul do país , os produtores da nova fronteira agrícola têm a seu favor também a evolução dos preços das commodities. O desafio é escolher a opção mais lucrativa. Só há redução na área de soja ou milho onde o algodão promete rentabilidade maior, verificou a Expedição Safra Gazeta do Povo, que percorreu mais de 6 mil quilômetros na última semana entrevistando produtores e especialistas da região sobre o plantio de verão.
A disputa por espaço entre as principais culturas está mais acirrada neste ano, apesar de as áreas de pastagem e Cerrado disponíveis para cultivo serem bem maiores que os cerca de 3,8 milhões de hectares cultivados atualmente com soja, milho e algodão. As melhores áreas, considerando a qualidade do solo e o clima, já foram abertas, mas, só no Piauí, ainda existem perto de 5 milhões de hectares livres, afirmam produtores e técnicos.
A Bahia, principal produtor de soja do MaToPiBa, cogita reduzir a área da oleaginosa estimada em 1 milhão de hectares para cultivar algodão, que registra alta histórica no mercado internacional e sustenta cotação até 60% acima dos custos. Por outro lado, a saca de milho subiu de R$ 14 para R$ 20 e a de soja de R$ 35 para R$ 42 durante a entressafra. E isso não ocorre só em território baiano. Nas regiões de Piauí, Maranhão e Tocantins que atendem ao mercado interno, os preços dos dois grãos subiram ainda mais, atingindo R$ 27 e R$ 48, respectivamente.
A Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) sustenta que não deve haver redução no cultivo, mesmo na soja, pela expansão anual das áreas de cultivo. Perto de 150 mil hectares teriam sido abertos no último ano no MaToPiBa. No entanto, a maior parte desse saldo tende a ser abocanhada pela cotonicultura.
"O produtor que tem condições de optar está devolvendo insumo usado em soja e milho para plantar algodão", relata o agricultor e presidente do Sindicato Rural de Luis Eduardo Magalhães (BA), Vanir Kölln. A área da pluma deve crescer de 29% a 37% no país e 26% no estado, conforme a Conab. "As três opções neste ano são um bom negócio", avalia.
"O ganho é proporcional ao risco. E não sei de alguém com maior risco que o enfrentado pelo produtor rural", afirma Elton Sartori, que planta 3 mil hectares em Riachão das Neves (BA). Num cenário de boas perspectivas para todas as culturas, ele simplesmente manteve a área de 2 mil hectares da soja e a de 400 hectares do milho. Sua intenção é recuperar produtividade. Os índices foram reduzidos pelo El Niño na temporada passada, quando Sartori colheu 42 sacas por hectare de soja e 130 sc/ha de milho, 20% a menos que o esperado. "O que paga a conta dos produtores não são picos de preços ou de produção, mas boas médias e estabilidade", observa.
O algodão, no entanto, segue atraindo produtores como Darsi Peteck, de Baixa Grande do Ribeiro (PI), que investiu R$ 1 milhão numa beneficiadora. Dos 5 mil hectares que cultiva, dedica partes iguais para a pluma, a soja e o milho. Traça seus planos com base na cotações atuais, mantendo aberto o leque de opções. O Piauí cultiva 15 mil hectares de algodão e área 20 vezes maior de soja. A oleaginosa, apesar da pressão das demais culturas, segue com 60% da área agrícola no MaToPiBa.
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