O impacto do clima – após estiagens no plantio e no desenvolvimento das lavouras – na safra de 96,1 milhões de toneladas de soja e de 32,3 milhões de toneladas de milho de verão começa a ser apurado dentro de uma semana pela Expedição Safra Gazeta do Povo. Em sua 9.ª edição, o projeto ai monitorar a colheita brasileira até abril e reabre trabalho de campo com dois roteiros simultâneos.
A equipe de técnicos e jornalistas responsável pelo primeiro roteiro da colheita vai viajar por Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia. Serão perto de 8 mil quilômetros, com levantamento de dados também sobre a logística de escoamento da safra 2014/15, que tende a ampliar o embarque via Arco Norte e desviar parte da produção dos portos do Sul e do Sudeste. A partida está marcada para sábado (24) e o início dos trabalhos de campo será na segunda-feira (26), após dois dias de estradas de Curitiba à região de Rondonópolis e Cuiabá.
Outra equipe vai percorrer Paraná e São Paulo entre os dias 26 de janeiro e 3 de fevereiro. O roteiro começa pela região de Ponta Grossa e Castro e termina em Cascavel, com incursão no Show Rural Coopavel, que promete reunir 2 mil produtores e técnicos. O objetivo é avaliar o início da colheita nos dois estados e apontar as novas tendências da produção, numa das regiões que enfrenta as mais diversas condições agroclimáticas desde setembro do ano passado.
A Expedição Safra mantém sua projeção de volume de produção para soja e milho e aponta que 2014/15 deve render 202 milhões de toneladas de grãos, uma marca histórica para o país. As condições das lavouras e os resultados da colheita, aferidas junto a produtores e especialistas em 16 estados brasileiros, é que vão mostrar se o país continua em condições de sustentar essa projeção. Os roteiros por outros 11 estados estão sendo elaborados e devem apontar ainda projeções para o milho de inverno.
Depois do Brasil, o projeto vai percorrer o Paraguai, onde as previsões estão sendo rebaixadas, a Argentina e o Uruguai, que acabam de encerrar o plantio de verão. Ao lado do Brasil, esses três países produzem mais da metade de soja direcionada à exportação no planeta e determinam as cotações dos próximos meses.
Logística
Mato Grosso espera ano mais calmo no transporte
Principal produtor de soja e com uma safra ampliada, Mato Grosso prevê um transporte mais tranquilo da colheita. A expectativa deve-se às obras realizadas nos últimos meses na BR-163, que corta o estado, e ao aumento do embarque férreo, em Rondonópolis.
Nem por isso, o transporte ocorre com tranquilidade. Além das inevitáveis filas de caminhões – somente um trecho de 20 quilômetros de duplicação da 163 está pronto, entre Rondonópolis e o terminal intermodal ao sul do município –, há forte discussão sobre o preço do frete.
As indústrias de óleo entraram, via Abiove, em rota de colisão com a Associação dos Transportes de Carga de Mato Grosso (ATC) contra o sistema “balizador referencial de fretes”, que estabelece valores mínimos para os trechos mais usados.
“O tabelamento constitui crime contra a ordem econômica. Trata-se de abuso do poder econômico por parte da ATC”, diz a Abiove. O presidente da ATC, Maicol Michelon, nega formação de cartel e diz que o balizador é apenas um cálculo baseado nos custos do transporte.