Direcionada quase que exclusivamente à alimentação humana, a produção brasileira de canola precisa avançar muito para conseguir atender um mercado que, segundo especialistas, pode ser ainda mais promissor: o de combustíveis renováveis. Atualmente, a soja ainda é a matéria-prima para mais de 75% do biodiesel fabricado no país. Mas empresas do setor se esforçam para mudar de matriz. “Para que a gente possa queimar a canola como um combustível de caminhão, precisamos de excedentes da produção deste grão”, diz o diretor operacional da BSBIos de Marialva (Noroeste do estado), Carlos Gaspar.
Ele afirma que a expectativa da BSBios era ter pelo menos 50 mil hectares de canola no Paraná neste ano. No entanto, não foi plantado nem metade disto.
Há pouco menos de um mês, o Brasil exportou a sua primeira carga de biodiesel. As 8,2 mil toneladas que deixaram o país rumo à Holanda foram fabricadas no Rio Grande do Sul. E a partir do óleo de soja, matéria-prima que não atende às especificações técnicas exigidas na Europa.
Segundo o presidente da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio) e presidente nacional da BSBios, Erasmo Battistella, desde 2008, quando a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) autorizou a exportação brasileira, as empresas se organizam para atender às exigências do mercado externo. “A exportação aconteceu agora porque o Brasil aproveitou um momento de embargo da União Europeia à Argentina [maior produtora de biocombustível mundial]. Por ser um momento atípico, ainda não podemos afirmar que o Brasil conquistou esse mercado.”
Mais otimista, o presidente do Sindicato da Indústria da produção de Biodiesel do Estado do Paraná (Sibiopar), Miguel Rubens Tranin, garante que, além de fornecer combustível para Europa, o Brasil teria condições de exportar para qualquer mercado. “A demanda por biocombustível é cada vez maior no mundo todo, especialmente pelo apelo ambiental de ser uma fonte de energia renovável. Independente de qual for a matéria-prima solicitada pelo mercado internacional, o Brasil tem terras favoráveis para realizar o plantio dessas culturas.”