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Estimuladas pelos leilões de PEP (Prêmio para o Escoamento de Produto), cuja subvenção serve de ajuda para o transporte até o porto, as exportações brasileiras de milho continuam firmes e dando sinais de que podem superar até as expectativas mais otimistas. Depois da confirmação do embarque de 2,4 milhões de toneladas de janeiro a agosto – contra 1 milhão no mesmo período do ano passado, quando houve quebra de safra –, a Conab revisou para cima, mais uma vez, a sua estimativa de vendas externas em 2006. O volume, calculado pelo órgão em 1,5 milhão de toneladas até julho e alterado para 2,3 milhões em agosto, saltou para 3 milhões de toneladas no quadro de oferta e demanda divulgado no início deste mês.

Como os embarques continuam grandes agora em setembro, e como vêm saindo negócios para entrega até o final do ano, é possível que 2006 termine com um volume exportado de até 3,5 milhões de toneladas.

O principal comprador de todo esse milho é o Irã, que já levou 1,5 milhão de toneladas de janeiro a agosto, ou 63% do total. Os iranianos alegam que não compram milho dos EUA, maior exportador do mundo, porque não querem produto transgênico. Mas há quem diga, claro, que a tensão político-nuclear que existe entre os dois países também tem lá o seu peso.

Com um preço médio em torno de US$ 115 por tonelada FOB/porto, um produtor de Ponta Grossa, por exemplo, recebe US$ 5,25 por saca (descontados custos de frete e porto) na exportação. Ao câmbio de parcos US$ 2,15 por dólar, esse produtor receberia R$ 11,30 por saca, não fosse a ajuda do PEP. Os leilões, que até o final de agosto apoiaram a comercialização de 2,5 milhões de toneladas de milho no país e de 1,7 milhão no Paraná, renderam um prêmio médio de R$ 3,70 por saca no estado.

Somado aos R$ 11,30 da paridade de exportação, esse prêmio resulta em um preço ao produtor de R$ 15,00. Em março, época da entrada da safra de verão e período em que os leilões ainda não tinham começado, o valor da saca rondava os R$ 12,00. Com os leilões, a formação de preços no mercado interno voltou a ficar atrelada à paridade de exportação, o que garante certa firmeza aos valores pagos pela saca. Eles só não são melhores por conta do real valorizado e dos estoques folgados, calculados pela Conab em 4 milhões de toneladas, contra 3,2 milhões no ano passado. De qualquer forma, é importante que o produtor fique atento ao mercado internacional, que está aquecido pelo aumento da demanda nos EUA, onde o milho é usado para produzir etanol – assunto que iremos retomar na próxima quinzena.

Fernando Muraro Jr, é engenheiro agrônomo e analista de mercado da AgRural Commodities Agrícolas, fmuraro@agrural.com.br, www.agrural.com.br

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