O ciclo de alta no preço da carne bovina estimula a produção, mas reduz o número de animais disponíveis para corte até no caso de quem cria bezerros e reprodutores. A Agropecuária CFM, maior fornecedor brasileiro de touros e vacas nelore de reprodução, é um exemplo dessa contradição: vai diminuir seus abates de 30 mil em 2007 para 24 mil neste ano, afirma o diretor de pecuária da empresa, Luiz Adriano Teixeira.
Milhares de animais que seriam encaminhados ao abate estão sendo transferidos de fazendas de São Paulo para duas fazendas em Mato Grosso do Sul e uma na Bahia, onde devem se reproduzir. "Falta boi e vaca nos frigoríficos. Muita vaca vem sendo abatida o ano todo", observa Teixeira.
O número de animais nas dez fazendas da CFM está superando a marca dos 70 mil, depois de uma redução de 50 mil cabeças desde a década de 90. A empresa, que produz também 2,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar ao ano, prevê faturamento de R$ 140 milhões para este ano, ante R$ 126 milhões alcançados em 2007.
O quadro positivo do mercado da carne aumenta a disputa por animais de reprodução, conta Teixeira. A CFM concentra as vendas nesta semana, na Fazenda São Francisco, em Magda, São Paulo.
No entanto, há limitações técnicas para a expansão do rebanho nelore. O programa de melhoramento de nelore da CFM é auditado todo ano e precisa apresentar avanços para que possam ser vendidos entre 20% e 30% dos touros. A exigência faz com que, em época de crise ou crescimento, o ritmo máximo de vendas tenha o mesmo teto.
Desde seu início, em meados da década de 80, o sistema conseguiu elevar o peso médio do boi gordo nelore em 38,9 quilos. A prioridade é a produção de gado de corte da própria CFM, mas a seleção em si virou um negócio cada vez mais rentável. Com rígidos critérios de descarte, um setor alimenta o outro. As vacas que produzem bezerros leves são encaminhadas automaticamente ao abate. Só entram na seleção de reprodutores os touros acima das médias de peso.
E não faltam informações para comparar os animais. "Sabemos tudo sobre cada touro e sobre todos os parentes dele", afirma Teixeira. Por outro lado, o desempenho de cada bicho é avaliado de acordo com as condições em que ele é criado e a alimentação que recebeu. Para isso, adota-se método que distingue características genéticas e fatores ambientais. Com o aumento da produtividade, a pesquisa faz com que, numa época de poucos bois, a falta de carne seja menor.
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