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As ervas daninhas resistentes aos herbicidas à base de glifosato são poucas na América do Sul, mas ainda escapam da mira dos laboratórios. As investidas ocorrem de forma descoordenada, afirma o pesquisador Pedro Christoffoleti. Ele defende a integração entre laboratórios privados, centros de tecnologia agrícola públicos e universidades.

Na avaliação de Fernando Adegas, da Embrapa Soja, há uma avaliação razoável do Rio Grande do Sul a São Paulo, mas pouco se sabe sobre a expansão do problema na região do Cerrado. "Eu confiaria nas avaliações do Sul e do Sudeste, mas desconfiaria das estimativas sobre as demais regiões (Centro-Oeste, Centro-Norte e Nordeste)".

Uma pesquisa da Embrapa mostra que a buva é capaz de resistir a até 12 vezes a dose de glifosato indicada no cultivo de soja transgênica, relata. A experiência considerou 17 fazendas do Noroeste do Paraná. Todas os lotes de buva apresentaram resistência, em diferentes gradações. A erva é considerada resistente pelos pesquisadores quando sobrevive a duas vezes a dose indicada e quando essa característica passa para as plantas descendentes.

Redutos das ervas resistentes no Brasil, Rio Grande do Sul e Paraná são os estados mais afetados pelo problema. A estimativa paranaense de que duas plantas de buva por metro quadrado são capazes de reduzir a produtividade de 20% a 30% é confirmada pelo professor Ribas Vidal, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS). Ele diz que a espécie é capaz de abater o rendimento da soja em 0,4% ao dia. "Dependendo da concentração, a queda pode ser de 80% no ciclo completo."

Em sua avaliação, o Rio Grande do Sul é apontado como estado de origem das plantas resistentes, em boa medida, porque foi precursor nas pesquisas. Ele afirma que houve três ondas de resistência a herbicidas desde os anos 70. "A primeira, entre os anos 70 e 80, não pegamos. Na segunda, houve problema com resistência a inibidores de ALS, a partir de 1992. A terceira (atual) pegamos em cheio." A resistência do azevém ao glifosato foi confirmada em 2003 e, depois disso, apareceram a buva, o amendoim-bravo ou leiteira e o capim amargoso.

A resistência ao glifosato afeta principalmente o cultivo da soja transgênica Roundup Ready, que cobre mais de 60% das lavouras brasileiras. A Monsanto, que desenvolveu a tecnologia, informa que o problema é um "fenômeno natural" relacionado à capacidade de as plantas se adaptarem de uma geração para outra. Para a empresa, não se trata de "falha" no desempenho do glifosato. Para proteger a tecnologia RR, a Monsanto desenvolve o programa chamado Stewardship (Gestão Responsável), com orientações sobre manejo de produtos e plantas. Como solução de apoio, a indústria também indica a rotação de culturas na mesma área.

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