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Campo Largo - Quem consome orgânico sabe que não se encontra esse tipo de ali­­mento em qualquer lugar. Res­­taurantes que só usam ingredientes livres de agrotóxicos são ra­­ros. A solução, muitas vezes, é ir à feira e comer em casa. Nessa ho­­ra, outro grande problema. Co­­mo arranjar tempo para cozinhar? Para esses consumidores, o ideal são pratos rápidos, que agora po­­dem ser feitos com hambúrguer, tofu, patê e espetinho. Po­­rém, tudo à base de soja orgânica. Es­­se filão de mercado é o alvo da agroindústria Sa­­murai Organic Foods, de Campo Largo, que resolveu com­bi­­nar o fast-food urbano com o slow-food dos consumidores mais exigentes.

Se as estatísticas que mostram que o consumo de orgânicos au­­menta 25% ao ano no Brasil estiverem certas, os alimentos industrializados chegam tarde às prateleiras. "Temos um vasto mercado a explorar", afirma o administrador da fábrica, Frantiesco Pessoa, que ainda não cogita exportação.

Com 15 funcionários, a em­­pre­­sa opera em instalações provisórias. Foi transferida de Floria­nó­­polis (SC) – onde funcionava co­­mo uma fábrica artesanal – pa­­ra Cam­­po Largo, a 30 quilômetros de Curi­­tiba, um ano e meio atrás. Recebe 4 toneladas de soja por mês e planeja dobrar esse vo­­lume em dois ou três anos.

Cresce de acordo com o mercado interno. Os alimentos da Samurai estão em 23 das 27 capitais do país. "Só não vendemos para Cuiabá (MT), Campo Grande (MS) e Porto Velho (RO)", afirma Roberto Perin, ex-produtor de soja orgânica que dirige a indústria.

Para vender hambúrguer até no Acre, a empresa fez parceria com grandes redes de supermercados. Como nessas redes os orgânicos são direcionados ao público de maior poder aquisitivo, é necessário popularizar o consumo – ou seja, ganhar escala, reduzir custos e baixar preços – para ampliar significativamente a produção.

Otimismo é o que não falta. "Indústrias na Europa que ti­­nham o nosso tamanho 15 anos atrás cresceram 40 vezes desde então, ampliando o processamento de 50 para 2 mil toneladas de soja ao ano", cita Perin.

Resistência

Vizinho da indústria de comida orgânica rápida, o curitibano intriga a empresa. Os investidores esperavam boa receptividade do mercado a curto prazo. No entanto, a Samurai vende mais para os consumidores de capitais menos po­­pu­­losas, como Florianópolis e Be­­lém do Pará, do que para os de Curi­­tiba. As razões possíveis vão do pre­­ço estipulado nos supermercados à disponibilidade de verduras e frutas nas seis feiras livres semanais.

A estratégia da Samurai tem sido, num primeiro mo­­mento, ampliar a lista de distribuidores. Se o plano não funcionar, a saída será investigar por que o consumidor de orgânicos resiste aos alimentos industrializados. Vilões da obesidade quando produzidos com carne e gordura, hambúrgueres e espetinhos de soja estão sendo vítimas de discriminação, diz Perin.

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