Embalado pelos preços altos, o feijão das águas vai recuperar parte da área perdida e pode bater recorde de produção no Paraná neste ano. Mas, ainda que o plantio aumente no estado, as cotações de mercado, que estão hoje bem acima do preço mínimo, devem se sustentar até o final do ano, avalia Marcelo Eduardo Lüders, diretor da corretora de mercadorias Correpar e presidente do Instituto Brasileiro do Feijão (Ibrafe).
Depois de um tombo de quase 30% no plantio em 2007 no estado, a primeira safra do grão deve voltar a crescer em 2008 e ocupar um total 343,3 mil hectares. Mesmo com o incremento de 24% em 2008, contudo, a área paranaense de feijão de verão ainda deve ser inferior à extensão cultivada há dois anos. Já a produção, sem problemas climáticos, pode bater recordes. Conforme projeção do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura (Seab), o Paraná tem potencial para colher até 608,7 mil toneladas do grão. Se confirmada, será a maior safra de feijão de verão do estado desde o ciclo 2006/07, ano de maior produção.
No país, a primeira safra de feijão deve ter o plantio ampliado em 20% neste ano, para 1,56 milhão de hectares, conforme estimativa da Correpar, retornando aos níveis de 2006. Repetindo a produtividade obtida na safra das águas de 2006/07, a produção brasileira somaria 1,57 milhão de toneladas, mesmo patamar de dois anos atrás.
Maior produtor nacional de feijão, o Paraná iniciou o plantio da primeira safra no final do mês passado e, até o início da semana passada, já tinha 14% da área implementada. A colheita do grão de verão começa em novembro, mas fica concentrada em janeiro no estado. Até lá, com a oferta apertada na entressafra, a tendência é que os preços pagos ao produtor mantenham-se elevados, avalia Lüders.
Depois de novas altas, as cotações da saca paranaense encerraram a semana passada entre R$ 124 (preto) e R$ 134 (carioca). Nesta mesma época do ano passado, quando o mercado do feijão atravessada um período de baixa que desestimulou o plantio da safra das águas, o produtor do estado recebia em média R$ 76 pela saca do carioca.
Ainda que distantes do pico alcançado em no início do ano no estado, quando a saca do feijão de cor chegou a R$ 177,23 (média mensal de janeiro medida pelo Deral), os preços atuais são remuneradores e cobrem com folga os custos de produção. "Mas, no início do ano que vem, quando a oferta concentrada tende a pressionar para baixo as cotações, o feijão pode precisar de auxílio do governo para garantir a renda do produtor", alerta Lüders.
No início de julho, quando lançou o Plano Safra 2008/09, o governo federal assegurou que, se preciso, vai intervir no mercado para garantir a remuneração do produtor. Uma das medidas anunciadas no plano e um dos fatores que impulsionam o plantio foi o reajuste do preço mínimo de garantia, de R$ 47 para 80. Apesar do aumento, a garantia do governo ainda está abaixo do custo total de R$ 85.