As chuvas do início do ano, que estancaram as perdas causadas pela estiagem do final de 2008 à safra de verão do Paraná, também multiplicaram os casos de ferrugem asiática da soja no estado. Apesar da seca do final do ano passado, que poderia reduzir a incidência da doença, o número de casos registrados no Paraná é 40% superior ao verificado no ano passado e, no país, já se aproxima do recorde da safra 2006/07. Conforme o Sistema de Alerta do Consórcio Antiferrugem da Embrapa Soja, até ontem haviam sido notificadas mais de 2,5 ocorrências no Brasil, contra 2.778 há dois anos. O Paraná é o líder do ranking, com mais de metade dos focos. São quase 1,5 mil reportes neste ano contra 1.038 em todo o ano anterior, recorde até então.
Até o dia 29 de janeiro havia poucos pontos de ferrugem e a situação estava sob controle no Paraná, relata Maria Celeste Marcondes, agrônoma do Departamento de Fiscalização e Defesa Agropecuária (Defis) da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab). "Os focos começaram a aparecer em maior número em fevereiro", recorda. No final de janeiro de 2009, o Paraná contabilizava 87 ocorrências e o Brasil 379. No início de março, o número de reportes saltou para 903 no estado e 1.837 no país. Agora, são, respectivamente, 1.447 e 2.598 focos. "Não foi o número de casos ou a severidade da doença que aumentou, mas sim a eficiência da coleta de informação", justifica Celeste. Na safra passada, havia 21 postos de coleta e análise de amostras no estado, diz a agrônoma. Hoje, são 33.
A velocidade do avanço da doença, entretanto, é inegável. Em apenas três semanas, os reportes de ferrugem cresceram 60% no Paraná - contra cerca de 40% no Brasil. Para o pesquisador da Embrapa Soja Rafael Moreira Soares a eficiência da rede estadual de informação é também a principal explicação para o acelerado ritmo de disseminação do fungo em território paranaense. "O número de focos é mais expressivo no Paraná que no Mato Grosso, por exemplo, porque há uma maior eficiência na detecção dos casos", diz. O estado do Centro-Oeste brasileiro, que é hoje o maior produtor nacional de soja, com quase 8 milhões de toneladas de 1,7 milhão de hectares a mais que o Paraná, tem atualmente 12 postos de coleta cadastrados.
Na contramão
Na área da Coamo, cooperativa sediada em Campo Mourão (Noroeste) que atua em 55 municípios do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, o número de casos de ferrugem registrados no ciclo 2008/09 é o mais baixo dos últimos cinco anos, garante o supervisor de assistência técnica Antonio Carlos Ostrowski, sem citar números. Depois de quase 10 anos convivendo com a ferrugem, o produtor já aprendeu a controlar a doença, argumenta o técnico. Ele conta que a média de aplicações de fungicida caiu com relação ao ano passado. "Na temporada anterior eram necessárias entre 1,8 e 2 aplicações para combater a doença. Nesta safra, a média tem variado entre 1 e 1,5 aplicação", relata.
Com mais de 50% da área colhida e cerca de 30% das lavouras que ainda estão no campo já em estágio de maturação, menos de um terço das plantações paranaenses está suscetível à doença. Mas nem por isso o produtor pode descuidar do monitoramento, adverte Ostrowski. "Até agora, apesar do alto número de focos, a ferrugem não deve gerar grandes prejuízos. Mas é preciso ficar atento porque é uma doença que, se não for combatida, pode causar perdas de até 90%", completa. Desde a primeira ocorrência, na temporada 2001/02, até a safra passada (2007/08), estima-se que a ferrugem asiática da soja tenha causado prejuízos de mais de US$ 10 bilhões ao país, somando-se as perdas de produtividade e o custo para o controle da doença, segundo informações do Consórcio Antiferrugem.
Governistas querem agora regular as bets após ignorar riscos na ânsia de arrecadar
Como surgiram as “novas” preocupações com as bets no Brasil; ouça o podcast
X bloqueado deixa cristãos sem alternativa contra viés woke nas redes
Cobrança de multa por uso do X pode incluir bloqueio de conta bancária e penhora de bens
Deixe sua opinião