Filho de ministro vive crise na pele

PONTA GROSSA – Não é fácil ser filho do ministro da Agricultura num momento de crise no principal setor da economia brasileira, com baixa rentabilidade provocada pelo real fortalecido, quebra de safra decorrente da seca, além de doenças como febre aftosa e grife aviária. A situação fica ainda mais difícil quando o filho do ministro atua no agronegócio.

Essa é a realidade de Rodrigo de Araújo Rodrigues, 31 anos, caçula do ministro Roberto Rodrigues. Dono da empresa de consultoria Impar – instalada em Ponta Grossa desde 2003 e que atende produtores que somam 35 mil hectares, em seis estados –, Rodrigo evita comentar o trabalho da pasta comandada por seu pai. Mas não poupa críticas ao Ministério da Fazenda. "Falta sensibilidade e respeito para um setor que responde por mais de 30% do PIB (Produto Interno Bruto) do país", afirma o agrônomo, ao criticar os "pilotos de escrivaninha" da área econômica.

Segundo ele, a distorção ocorre porque "a sociedade urbana não respeita o agronegócio". "Como a mídia está nas grandes cidades, que não são ligadas diretamente ao agronegócio, ela passa para toda a população uma imagem equivocada do produtor rural."

Na semana passada, quando se ampliavam os rumores de demissão de Roberto Rodrigues do ministério, Rodrigo acreditava na permanência do pai no posto. "Somos uma família de agricultores há quatro gerações e agrônomos há três. Meu pai acredita no país e na agricultura. Ele não é político e aceitou dar sua dose de sacrifício pelo país. Acho que ele fica no governo enquanto seus princípios não forem agredidos."

Como o pai e dois dos três irmãos, Rodrigo formou-se no principal centro de Agronomia do país – a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP, em Piracicaba (SP). O filho mais jovem do ministro rejeita com firmeza o papel de interlocutor entre o setor e o governo. "Quando alguém me procura para reclamar ou pedir alguma coisa, passo logo o e-mail do ministério e encerro a conversa."

Perfil

Nome: Rodrigo de A. Rodrigues.

Idade: 31 anos.

Formação: Engenheiro agrônomo pela Esalq – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz , de Piracibaba (SP)

O jornalista viajou a convite do Rally da Safra