A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vem realizando uma série de blitze nas indústrias de agrotóxicos instaladas no Brasil. Os fiscais entram na linha de produção e interditam lotes de defensivos com irregularidades. Esses produtos permanecem nas mãos das empresas e, quando o problema pode ser corrigido, seguem para o mercado. São lotes de até 800 mil litros de produtos. Enquanto a Anvisa aponta problemas como falta de rastreabilidade e o uso de substâncias vencidas, a Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) afirma que as operações são rotineiras e que os casos são tratados com alarde.
As apreensões ganham tom "espetaculoso" na mídia, afirma o diretor da Andef, Eduardo Daher. "Esses procedimentos fazem parte, há muitos anos, da rotina dos órgãos federais responsáveis pelos setores da agricultura, saúde e meio ambiente. Por isso, as associadas da Andef recebem, com tranqüilidade e transparência, as equipes de fiscalização", sustenta.
Outra questão polêmica é referente à reavaliação de produtos considerados perigosos. O Brasil ainda usa compostos proibidos em mais de 60 países, como o endossulfan, motivo de ação do Ministério Público Federal que responsabiliza a Anvisa. A agência reavalia atualmente 14 agrotóxicos, em processos considerados lentos e burocráticos. Para a Andef, o quadro é menos grave do que parece. Depois de uma reavalização geral na década de 90, houve revisões específicas de 24 produtos, aponta Daher. "A maioria absoluta desses produtos foi aprovada. Apenas cinco foram retirados do mercado, com total anuência de seus fabricantes", afirma. Um produto segue em avaliação e 18 são comercializados normalmente, informa.
O executivo nega resistência do setor com intenção de continuar vendendo no Brasil produtos proibidos no exterior. "Sempre que novos dados justificarem a reavaliação de produtos, à luz do rigor científico, as associadas da Andef serão favoráveis a essa decisão", assegura.