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O frango não está dando folga ao boi ou ao suíno na disputa pelo mercado aberto pelo aumento do consumo de proteína no Brasil, apesar de ganhar mensalmente terreno no exterior, informa a indústria. O Paraná, que fornece frango para seis em cada dez países do planeja, bateu novo recorde de exportação no último mês, com aumento também na arrecadação. O preço, no entanto, continua sendo o principal apelo da carne de ave país afora.

No acumulado de janeiro a agosto, conforme balanço divulgado pelo Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavipar), as vendas externas atingiram 660 mil toneladas, com faturamento de US$ 1,094 bilhão. Esse resultado ultrapassou o teto de arrecadação, que era de 2008: US$ 1,074 bilhão, referente a 620 mil toneladas. Foi além também do teto em volume exportado, atingido em 2009. Nos primeiros oito meses do ano passado, foram embarcadas 646 mil toneladas; porém, a renda foi menor que a esperada: US$ 971 milhões.

"Os preços internacionais estão se recuperando e, ao mesmo tempo, estamos tendo um ano muito bom de produção e negócios", disse o presidente do Sindiavipar, Domingos Martins. Ele afirma que, dentro de seis meses, o setor deve sentar para definir ampliação e criação de indústrias. "O Brasil exporta para 150 países e o Paraná, para 120. Podemos vender para todos os país que compram do Brasil", argumenta.

Com preço tradicionalmente abaixo da média da carne suína e da bovina, o frango é o primeiro a chegar às áreas de expansão do consumo de proteína, analisa Domingos. "Não só por isso. Temos também carne de qualidade. É por isso que conseguimos exportar para tantos países", destaca.

Outro fator tem contribuído para ampliar os embarques. A carne de ave não sofre as mesmas restrições culturais ou religiosas que as demais. Estima-se que 1,5 bilhão de habitantes não consomem carne de porco e perto de 500 milhões rejeitam a bovina em todo o mundo.

A exportação é sinônimo de expansão para o setor, mas o mercado interno, também em crescimento, continua sendo a principal fonte de renda. A cada quilo de carne de frango embarcada ao exterior, dois são destinados ao consumidor brasileiro. O consumo nacional de frango saltou de 13,4 kg/ano por habitante, registrados nos anos 90, para os atuais 39,5 kg. A vantagem chega a 5 kg sobre o índice da carne bovina, a segunda mais consumida, com expansão de 46% na última década. A carne suína é que vem ganhando menos espaço, com 1 kg para cada 3 kg de frango.

A alta dos preços da carne bovina, por conta da oferta restrita de animais para abate e da demanda aquecida, está puxando também as cotações das carnes suína e de frango. A avaliação é do Centro de Estudos Avançados em Eco­nomia Aplicada (Cepea), ligado à Universidade de São Paulo (USP). O fenômeno se configura principalmente na capital paulista, maior mercado do país.

Levantamento da Scot Consultoria aponta que, no atacado, desde o início do ano, o valor do bovino dianteiro avulso, que tem concorrência direta com o frango, subiu 39,4%, enquanto o frango, 20% e o suíno, 11,4%. A reação dos preços do frango ante o dianteiro avulso fica mais evidente se forem analisadas as cotações do último mês: o frango subiu 30% ante queda de 2,13% do dianteiro avulso e alta de 4,3% do suíno.

"Quando ocorre uma alta muito relevante da carne bovina, há a migração para proteínas mais baratas. Hoje, o valor do frango vivo está 42% maior do que o do ano passado e o do suíno, 30% superior", disse o analista da Scot Alex Lopes da Silva. Para ele, os preços tendem a continuar firmes até o final do ano, já que o cenário de oferta de boi não deve mudar, mesmo com um maior volume de confinados sendo disponibilizado.

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