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Fumicultura perde espaço no Paraná

Uma das culturas mais rentável no campo, a fumilcultura está perdendo espaço para outras atividades no Paraná. Após cinco anos de crescimento, a produção de tabaco diminuiu. De acordo com dados do governo estadual, ocupa 73 mil hectares na safra 2011/12, área 9% menor que a do ano anterior. A produção deve cair 12%, para 151 mil toneladas de fumo.

Segundo especialistas do setor, a redução tende a ser contínua, como reflexo da migração do fumicultor para a produção de leite, frutas, cebola e outras alternativas. As restrições ao tabagismo somam-se aos incentivos dados a esses setores, que vêm do mercado e de programas oficiais.

A Convenção Quadro, tratado internacional assinado por 190 países, inclusive o Brasil, prega a redução da fumicultura. Para cumprir o documento, os governos precisam apoiar os produtores que queiram trocar de atividade. Os programas dessa área, embora considerados insuficientes, estariam surtindo efeito.

"Existem muitas questões inibindo a produção de fumo. Há uma série de restrições na legislação, e a dificuldade para se conseguir financiamento para a atividade é enorme", enumera Romeu Schneider, diretor-secretário da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra).

As políticas públicas, como o aumento dos impostos e a proibição do fumo em locais fechados, também reduzem a atividade. Ainda no primeiro semestre deste ano, reajustes tributários tendem a elevar em 20% os preços dos cigarros. O quadro é de queda na demanda e na produção, avalia Methodio Groxko, técnico do Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná.

Muitos agricultores também têm abandonado a fumicultura em função dos riscos da atividade à saúde. Toda a produção é manual, desde o plantio até a colheita, e exige o uso de equipamentos especiais de proteção. "Nós sempre recomendamos o uso [da roupa]. Mas sabemos que, em dia de calor, muitos produtores dispensam e trabalham de camiseta, bermuda e chinelos", alerta Groxko.

Outro fator que estaria contribuindo para a diminuição da área plantada são os estoques. Com matéria-prima disponível, muitas indústrias podem dispensar parte dos fumicultores. O setor não confirma a informação.

Lucro atrai pequenos produtores

A fumicultura ainda é uma das atividades mais rentáveis da agricultura familiar, segundo a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra). Nas unidades que cultivam fumo, responde por dois terços da renda dos produtores, mesmo ocupando menos de 20% das lavouras.

Além da rentabilidade, os produtores têm garantia de venda e a variação nos preços não chega a representar prejuízo. "O grande atrativo é a rentabilidade. Existe segurança na hora da venda", aponta Romeu Schneider, executivo da Afubra.

Na safra 2010/11, foram colhidos, em média, 2,2 toneladas por hectare no país. Atualmente, o valor pago é de R$ 6,30 por quilo pelo fumo de estufa – produto secado em compartimentos aquecidos e menos valorizado no mercado. O fumo de barracão seca naturalmente por dois meses e o preço é melhor.

Descontando o custo de produção, que consome 70% da renda, o agricultor pode lucrar até R$ 4 mil por hectare. Essa margem é duas vezes maior que a da soja, principal produto da agricultura de escala.

Com a terceira maior área do país – atrás de Rio Grande do Sul e Santa Catarina –, o Paraná contribui para que o Brasil seja o maior exportador de tabaco, com mais de meio milhão de toneladas ao ano. No entanto, a redução do cultivo ocorre em todo o Sul e é estimada em 15%. A região é responsável por 95% da produção nacional.

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