O produtor Antoninho Tozi, de Balsas (MA), prefere ser prático a respeito dos custos. Para ele, a variação dos preços dos insumos pouco dizem sobre a safra. O mais importante é o retorno do investimento. "Estamos gastando o equivalente a 35 sacas (considerando a cotação de R$ 38) para plantar um hectare de soja. Na safra passada, gastamos 42 (a R$ 40)". A queda foi de R$ 1,68 para 1,33 mil (20%) em valores nominais.
Sua avaliação mostra que, mesmo considerando a queda na cotação da commodity, há mais chances de lucro nesta safra. Resta saber, no entanto, quais preços estarão valendo no momento da venda da produção. Em sua região, quem tenta travar preço para a época da colheita se depara com cotações na base de R$ 30 a saca R$ 38 só recebe quem tem soja para entregar agora, na entressafra. "Quem sabe quais serão os preços ano que vem?", desafia Tozi.
Seus custos são considerados baixos por outros produtores. Favorino Thomazi, de Correntina (BA), afirma ter gastado o equivalente a 50 sacas por hectare, considerando a cotação de sua região, R$ 35. A soma dá R$ 1,75 mil, mais do que a maioria dos produtores diz ter gastado na safra passada. Com o alto investimento, ele espera colher 60 sacas por hectare, 10 a mais que Tozi. "Na hora da venda, vamos receber cerca de R$ 35 por saca. Os preços em real não vão variar muito até lá", aposta o agricultor entrevistado na Bahia.
Os custos não perdoam os produtores que contam com pior infraestrutura. Pelo contrário. São justamente nessas regiões que os insumos chegam mais caros. Podem ser inclusive menores em áreas privilegiadas pelo clima, tornando o rendimento ainda mais variável. Há regiões que produzem sementes e recebem pelo menos 10% mais na hora da venda contando com custos abaixo da média. É o caso de Abelardo Luz (SC), na divisa com o Paraná. "Os produtores estão investindo cerca de R$ 900 por hectare de soja", calcula Fabrício Stefani, produtor e presidente da Cooperativa de Alimentos e Agropecuária Terra Viva. Com altitude próxima de 900 metros e clima moderado, o Oeste catarinense não precisa fazer esforço extra para colher grãos para germinação.
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