Todas as regiões do Paraná tiveram a produção agrícola afetada novamente ontem pela ocorrência de geadas. Apesar de mais fraca do que a massa polar que provocou geada negra e neve em 23 e 24 de julho, a onda de frio desta semana causa estrago maior onde o trigo e demais culturas do inverno estão atingindo as fases de floração e frutificação, como os Campos Gerais. A avaliação parte dos técnicos da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab) que atuam no interior do estado e fazem novo mutirão para contabilizar as perdas.
O corte de 2 milhões de toneladas (ou 5%) na safra estadual de grãos, aferido duas semanas atrás, tende a ser mais profundado. A geada prevista para esta quinta-feira, apesar de mais fraca, atingiria inclusive a região cafeeira, conforme o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). Nos próximos dias, a temperatura aumenta, para voltar a cair. “Há indício de mais geada no Paraná no início de setembro, com exceção da Região Norte”, disse o meteorologista Luiz Renato Lazinski, do Instituto Nacional de Meteorologia, que monitora as consequências do clima para o agronegócio.
Esse frio vai afetar também o Oeste de Santa Catarina e Norte do Rio Grande do Sul, onde as plantações de trigo estão mais sensíveis do que em julho. Com as lavouras em floração e frutificação, as temperaturas próximas de zero têm impacto cada vez mais incisivo na produção nacional do cereal, que já foi reduzida em 18% pelas quebras do Paraná.
Foi o que ocorreu ontem nos Campos Gerais. Zonas onde a maior parte do trigo era pequeno em julho (fase resistente ao gelo), agora de 50% a 60% estão em floração e frutificação, apontou o técnico Carlos Vantroba, da Seab. Essas plantações enfrentaram ontem 0º C.
Córrego e barranco
A geada de quarta cobriu até os barrancos dos rios na região Sudoeste, relatou o técnico Josemar Fonseca, da Seab. As mínimas medidas pelo Iapar na relva foram de -5,8º C em Pato Branco e de -7,2º C em Palmas. Se não fosse o excesso de umidade — teve chuva fina na véspera –, haveria camada de gelo sobre uma porção maior de pastagens e plantações, conforme Fonseca. Nesta época, 60% das plantações de trigo estão vulneráveis às geadas na região.
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