A dimensão e a diversidade climática da área agrícola brasileira criam um mosaico de situações que exige ponderações constantes no trabalho de levantamento de dados da Expedição Safra Gazeta do Povo. Em plena colheita de verão, nem toda a plantação verde está atrasada. Enquanto o oeste de Mato Grosso caminha para a reta final da safra de soja, o oeste de Santa Catarina tem plantações que ficarão prontas só daqui a dois meses. No Sudoeste do Paraná, uma das primeiras regiões a colherem milho, boa parte das lavouras de soja ainda possui chance de se recuperar. O milho é o ponto forte de Guarapuava e Ponta Grossa, região que, no entanto, não pode plantar o cereal no inverno. Rio Grande do Sul e Santa Catarina também são consideradas zonas impróprias para a segunda safra de milho, mas podem colher até três safras por ano. Depois do milho de verão, vem o feijão. E depois do feijão, o trigo.
Tempo desperta o feijão
Em tempos de falta de chuva, os produtores de grãos verificam as previsões climáticas diariamente como se estivessem cumprindo um ritual. Contam os dias para a chegada das frentes frias e sabem de memória o volume das precipitações de sua região mês a mês. Recobram o ânimo quando notam alguma reação nos campos. Basta uma noite mais úmida e alguns pingos de água para que a aparência de uma plantação de soja mude totalmente, com folhas mais verdes e vigorosas. Mas, quando a chuva não se confirma, um dia de sol quente é suficiente para amuar a lavoura. As folhas viram e o verde claro aparece, como se as plantas estivessem sendo viradas do avesso. Em Bom Sucesso do Sul (Sudoeste), o feijão plantado após a colheita do milho germinou, mas estava estacionado. Apesar de fraca, a umidade dos últimos dias foi suficiente para que novas folhas começassem a aparecer (foto).
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