Os agricultores de Goiás estão correndo contra o tempo para ampliar os índices de produtividade da soja nesta safra de verão. Ao perceber a chegada de novas usinas de cana-de-açúcar, o setor tem se mobilizado para evitar que um gigante e empregador parque industrial adaptado à transformação de grãos entre em colapso na principal região agrícola do estado (Sudoeste), conferiu a Expedição Safra Gazeta do Povo. Nos últimos anos, a cana roubou cerca de 100 mil hectares na região Sudoeste e, de acordo com fontes entrevistadas pela reportagem, tende a ganhar mais 100 mil hectares com propostas extremamente atrativas. Produtores sondados pelas usinas disseram que a oferta de arrendamento prevê pagamento antecipado e de até R$ 1,3 mil por hectare.
Conscientes do espaço disponível, os goianos estão com planos bem definidos para a agricultura no curto prazo. Eles pretendem elevar a média de produtividade da soja para 4,8 mil quilos por hectare (o equivalente a 80 sacas por hectare) em cinco anos, com a ajuda da tecnologia. "O produtor está aumentando a adubação e pagando caro por variedades que prometem rendimentos maiores. Se muitos conseguem colher 3,9 mil quilos por hectare, por que não podemos alcançar esse índice como média estadual", questiona Antonio Chavaglia, presidente da Comigo, cooperativa com 1,15 milhão de hectares, 42% do terreno da soja no estado. Ele avalia ainda que os produtores rurais não podem mais deixar doenças como a ferrugem asiática ou o mofo branco levarem para baixo os rendimentos dos grãos. "Temos tecnologia para evitar esse tipo de ocorrência e os preços sustentam as apostas", defende.
Na corrida da produtividade, o sistema de agricultura de precisão tem ganhado terreno em Goiás. Dono de 7,75 mil hectares com soja e 1,15 mil hectares com milho em Jataí, Antônio Gazarini adotou a ferramenta há três safras e não se arrepende. "O investimento foi alto. Tive de comprar diversos equipamentos, mas no fim está valendo a pena", afirma, sem revelar valores. Para a temporada 2011/12, Gazarini espera manter os rendimentos da soja acima da média estadual, em 3,6 mil quilos por hectare (60 sacas). "A técnica permite que a plantadeira entre na lavoura para largar as sementes sem o adubo junto. Com isso é possível ganhar tempo", analisa o presidente da Comigo. Para Chavaglia, a agricultura de precisão se tornou uma ferramenta imprescindível.
No ciclo 2010/11, as lavouras de Goiás foram pontualmente castigadas por excesso de chuvas na colheita. Ainda assim o rendimento médio da soja goiana alcançou 2,97 mil quilos por hectare, pouco acima do registrado no ano anterior, mas ainda abaixo da média do Paraná (3,28 mil kg/ha), considerando os índices da Expedição Safra.
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