O rápido avanço das máquinas sobre as lavouras dos Estados Unidos, que tem pressionado os preços da soja e do milho na Bolsa de Chicago nas últimas semanas, não foi suficiente para impedir um recuo dramático nas reservas de grãos norte-americanas. Em relatório divulgado na sexta-feira, o USDA, o Departamento de Agricultura do país, surpreendeu o mercado ao anunciar que os estoques de milho são muito menores do que se imaginava.
Nas contas do órgão, o país terminou a temporada 2011/12 (encerrada oficialmente em agosto) com excedente de apenas 25,1 milhões de toneladas, volume 12% menor que o do ano anterior e 3,5 milhões menor que o esperado. Foi a primeira vez em oito anos que os estoques norte-americanos do cereal caíram abaixo da marca de 1 bilhão de bushels (25,4 milhões de toneladas). O número só não veio ainda mais baixo porque o adianto nos trabalhos de colheita já havia colocado no mercado quase 30 milhões de toneladas de produto da safra nova mesmo antes do início oficial da temporada 2012/13.
Na soja, o USDA confirmou que o excedente também é pequeno, mas que a situação é menos grave do que se previa. Na avaliação do órgão, os estoques da oleaginosa somam 4,6 milhões de toneladas, 21% menos do que há um ano, mas 1 milhão de toneladas acima do esperado pelo mercado. Isso porque o governo norte-americano "encontrou" 28,3 mil hectares adicionais e, com isso, chegou à conclusão que a safra passada acabou sendo maior do que se imaginava. A diferença entre a estimativa anterior e a atual é, coincidentemente, de 1,02 milhões de toneladas.
O aperto mostra que o consumo continua aquecido porque, na opinião dos analistas, as cotações ainda não subiram o suficiente para forçar o racionamento do consumo. Principalmente no caso do milho, que continua com demanda elevada por parte da indústria de carnes. Prova disso é que a divulgação do relatório incentivou o maior rally de preços no mercado do cereal desde julho, antes da seca, com direito a limite de alta de 40 pontos em Chicago. Cotado a US$ 7,5625 por bushel (US$ 17,86/saca) no final dos negócios, os papéis com vencimento em dezembro encerraram a semana 1,1% mais caros, apesar de ter caído em quatro dos cinco últimos pregões.
A soja acompanhou a toada do milho e 30,25 pontos na sexta, mas ainda assim fechou a jornada com desvalorização de 1,3%, com o contrato dezembro/12 trocando de mãos a US$ 16,01 por bushel (US$ 35,32/saca).