A abertura de grandes áreas de soja por brasileiros no Paraguai, que por muito tempo foi vista como uma espécie de invasão ao país vizinho, começa a mostrar que o agronegócio não é simplesmente uma extração contínua de riqueza do solo e pode contribuir para o desenvolvimento econômico e social do país. A insegurança ainda existe, com casos de invasões de terras em plena colheita, mas o governo paraguaio percebe, nos índices de crescimento econômico, que a produção de grãos em larga escala vem se tornando um alicerce da geração de empregos e impostos.
A soja não paga tributo no Paraguai como na Argentina. Mas a importação de fertilizantes remete 10% aos cofres do governo. As revendas de máquinas agrícolas e insumos tornam-se atividades lucrativas a empresários no Leste paraguaio. As cooperativas possuem supermercados e geram renda também com moinhos de trigo e laticínios. E já não se pode dizer que o país não agrega valor à soja. Perto de 2 milhões de toneladas, de um total de 8,1 milhões que devem ser produzidas nesta safra, serão processadas.
É verdade que boa parte do lucro das empresas que atuam no Paraguai é exportada para outros países. Mas é assim que a economia do país parece estar avançando. E os paraguaios não estão assistindo ao progresso inertes. A Federação de Cooperativas de Produção (Fecoprod) informa que milhares de pequenos produtores estão melhorando sua renda em atividades cada vez mais tecnificadas, num processo parecido com o que ocorreu no Paraná, o estado mais cooperativista do Brasil.
O próprio tempo se encarrega de dar ao país e a seus nativos o comando da situação. Parte significativa dos produtores da região que teoricamente é dominada por brasileiros é formada por jovens que nasceran no Paraguai e moram no país, falando português. A maior cooperativa paraguaia, a Colonias Unidas, é formada por grupos de imigrantes e descendentes. A receptividade, que prevalece sobre problemas de segurança e conflitos políticos, está reformando o país.
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