Na semana passada, a soja reagiu e a saca de 60 quilos chegou a ser cotada acima dos R$ 35 nas praças mais próximas ao Porto de Paranaguá. No atual cenário de oferta e demanda não é apenas uma boa notícia como também um bom preço. Na Bolsa de Chicago, o grão voltou a perseguir os US$ 10/bushel, cotação que estava longe dos indicadores de negócios há a mais de 100 dias. Mesmo com o câmbio desfavorável, na casa do R$ 1,75, a relação direta apontava US$ 22/saca, acima de R$ 38. Em ano de superssafra, a reação é sustentada em parte pela demanda da China e pela aposta dos Estados Unidos no plantio do milho, que pode avançar para a área de soja.
A indústria de máquinas, outro termômetro do agronegócio, alimenta expectativas altamente positivas para a Agrishow, o maior evento de negócio do setor no Brasil. Mais do que isso, no mês passado, o grupo Case New Holland (CNH) reativou uma indústria de colheitadeiras em Sorocaba, interior paulista, e a John Deere anunciou, na semana passada, que vai contratar 250 pessoas para sua fábrica em Horizontina, no Rio Grande do Sul. O otimismo das montadoras antecipa, de certa forma, não somente a projeção de bons negócios na feira, como também um momento de valorização da soja e de novo ânimo no campo, que pode destravar a comercialização da safra de verão, represada nos armazéns principalmente por causa do preço baixo.
Para quem deixou parte da safra, ou quase toda a safra, para especular, não há o que discutir: essa é a hora de realizar. A cotação pode melhorar? Pode sim, mas é mais provável que volte a cair, pelo menos no curto prazo. Especular novamente, e nesse patamar, só nos contratos de julho e agosto, período de entressafra da soja no Brasil e no mundo.