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A saga dos agricultores que saem do Sul para o Nordeste é uma aposta no futuro. A falta de terras para expansão da atividade agrícola no Paraná e a margem de lucro reduzida pelas cotações globalizadas engessam os planos dos mais empreendedores, mas quem mostra disposição para voar longe tem sua recompensa: as novas fronteiras são promessa de ampliação contínua da produção.

Depois de avaliar Centro-Oeste e Sudeste, a família de Hernest Milla, de Guarapuava (Centro do Paraná), resolveu percorrer Maranhão e Piauí, no Nordeste. Foi em Baixa Grande do Ribeiro (PI) que surgiu, em 2000, a oportunidade de investimento. Uma área de 27 mil hectares por 10% do preço praticado no Paraná. Na época, apenas 200 hectares da área eram cultivados. Hoje, a lavoura foi multiplicada por 50 e corresponde ao dobro da mantida em campos paranaenses.

"Não tenho dúvida de que valeu a pena. Podíamos até ter arriscado mais se fosse possível prever os resultados", afirma Karl Eduard Milla, um dos filhos de Hernest. Hoje, as melhores áreas já foram abertas, mas ainda tem gente chegando, muitos deles investidores estrangeiros, relata.

"Ninguém esperava que fosse tão boa a produção. Com correção de solo, a produtividade na soja é melhor que a do Paraná", afirma Ari Marcolin, que comprou 1,5 mil hectares na mesma região do Piauí há 11 anos. "As perspectivas de quem está na região se ampliam conforme vão sendo abertas novas lavouras e as condições de produção e escoamento melhoram", afirma seu filho, Wilson Marcolin.

Os produtores paranaenses planejam ampliar sua produção no Nordeste, adquirindo novas áreas e elevando a produtividade. Os preços são comparados às melhores cotações praticadas no Paraná, na faixa de R$ 42 a saca de soja e R$ 17 a de milho. Os custos, conforme suas planilhas, também são praticamente os mesmos. Os problemas do escoamento, feito por estradas de terra e balsas, acabam sendo compensados pelo menor investimento inicial.

Hoje os preços das terras na região dobraram. Os investimentos necessários para implantação das lavouras também são maiores, chegam a R$ 2 mil por hectare, relatam os agricultores paranaenses. E é preciso um bom capital para que o projeto não tenha de ser interrompido, alertam. Os financiamentos são escassos e é necessário recorrer a agências bancárias do Paraná. Eles afirmam ter escolhido áreas com documentação em dia, mas enfrentam revisões constantes, com visitas de agrimensores enviados pelos governos estaduais.

A experiência ganhou fama no Paraná. O núcleo de sindicatos rurais do Oeste organiza uma viagem para 50 produtores interessados em conhecer os campos nordestinos de grãos.

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