O Paraná criou o primeiro centro de pesquisas em agroecologia do Brasil, mas depois de cinco anos de experiências, ainda não conseguiu estruturá-lo. “Dependemos da contratação urgente de pessoal e de uma ampliação do orçamento”, afirma o presidente do Centro Paranaense de Referência em Agroecologia (CPRA), João Carlos Zandoná.
O CPRA fica dentro do Parque Newton Freire, antigo Castelo Branco, em Pinhais, onde o estado realizou até 2000 a tradicional Feira Agropecuária do Paraná, suspensa desde então devido a seu impacto na Área de Proteção Ambiental (APA) do Iraí. As instalações, usadas para mostrar novas tecnologias para a agricultura familiar e a agropecuária comercial, agora são dedicadas a projetos que dispensam produtos químicos industriais. Porém, apesar de receber 1,5 mil produtores ao ano, o local conta com apenas dois servidores efetivos.
O avanço dos projetos e a difusão das tecnologias exige a contratação de 65 funcionários, afirma Zandoná. Um concurso público vem sendo articulado, mas só deve ocorrer a partir de 2014. Por enquanto, cerca de 30 servidores de outras instituições trabalham como colaboradores no CPRA. Estagiários ajudam a cobrir a carência de funcionários.
O orçamento, que deve ser reajustado de R$ 3,3 milhões (2013) para R$ 3,5 milhões (2014), deveria ser de R$ 10 milhões, diz o técnico, que atuava em fruticultura no Instituto Emater antes de presidir o CPRA. Com equipes de 800 e 1 mil servidores, Iapar e Emater têm orçamentos anuais de R$ 110 e R$ 100 milhões, respectivamente.
O aumento de 20% ao ano na produção de orgânicos no estado pesa a favor da estruturação do CPRA. Metade da horticultura do Paraná cerca a região de Curitiba e teria no centro de referência um local para desenvolver suas práticas. As pesquisas realizadas no local detalham o caminho para a conversão de áreas convencionais em áreas orgânicas, processo que leva dois anos.
O carro-chefe é a olericultura, mas as pesquisas vão da produção de leite à de mel orgânico. Plantas medicinais e projetos que apontam até que erva deve ser usada pela população em cada horário do dia tentam abrir caminho aos produtores familiares.
Para produção de leite orgânico, os animais são tratados com técnicas alternativas como homeopatia, conta a veterinária Helen Raska, que trabalha com certificação de orgânicos e orienta a adequação de propriedades rurais. O CPRA já reuniu 80 animais, mas o número caiu pela metade.
As experiências abrangem construções com bambu, como galinheiros sobre rodas. As gaiolas são estacionadas em pastagens onde as aves podem consumir insetos, com maior interação ambiental, explica o técnico em agropecuária Valcir Wilheln. “O produtor economiza com uso de recursos disponíveis na propriedade e oferece alimentos alternativos”, relata.
Colaborou José Rocher
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