Mesmo que seja confirmada, a redução do preço mínimo do trigo não deve alterar a área de plantio do Paraná nesta safra 2009/10. A notícia chegou quando a maior parte das lavouras do estado já havia sido implementada. Levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura (Seab) mostra que mais 90% já estão no campo. Mesmo nas regiões onde o plantio ocorre mais tarde, como nos Campos Gerais, não há tempo para mudar os planos. Com os insumos comprados, produtores lamentam a medida.
"Neste ano não vou desistir do trigo porque já comprei tudo, mas sei que vou plantar prejuízo", diz o produtor Anton Gora, de Guarapuava. Antes de saber da decisão do governo, Gora já havia decidido diminuir em 10% a sua área de plantio de trigo. Os preços baixos e a falta de liquidez do mercado desestimulam o investimento na cultura. "Planto por questões agronômicas, porque não dá para ter lucro com o trigo. Na verdade, se ficar no empate já está bom porque reduz o custo da soja. Mas com esses novos preços nem no empate vai dar para chegar", calcula.
Se a redução do preço mínimo for confirmada, Gora pretende estudar outras opções de inverno para a próxima safra. E certamente não será o único, considera o presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski. A alteração dos valores de referência do trigo terá um impacto muito forte nos próximos anos, afirma. A decisão vai tirar da atividade os produtores menos tecnificados, conclui o assessor técnico da Faep, Pedro Loyola.
O Paraná é o hoje o maior produtor de trigo do país, responsável por quase 60% da oferta nacional do cereal. Neste ano, deve plantar 1,14 milhão de hectares, área 13% menor que a do ano anterior. Mas, com clima favorável, tem potencial para produzir 15% mais, num total de 3,1 milhões de toneladas.
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