O quebra-cabeças do mercado internacional de grãos mostra que a produção será bem remunerada nos próximos meses, mas o produtor não deve adotar uma postura passiva em relação a essa conjuntura. É preciso garantir preços médios para evitar surpresas ruins diante de tantas variáveis. A orientação é do agrônomo Eugenio Stefanelo, analista da Companhia Nacional do Abas-tecimento (Conab) e ex-secretário da Agricultura do Paraná.
Ele fez a primeira e a última das cinco palestras regionais promovidas no último mês pela Expedição Caminhos do Campo com um pedido de ponderação. Em Cascavel (17 de setembro) e em Guarapuava (10 de outubro), disse que é preciso aproveitar a boa fase do mercado para garantir a cobertura dos custos.
Em sua avaliação, o produtor só deve arriscar deixando para firmar contratos de venda mais tarde se estiver jogando com a margem de lucro. "A melhor época para vender não existe. Só se descobre o pico dos preços quando ele já passou", disse. Ele considera que, numa safra com possibilidade de seca, o produtor não deve assumir um risco a mais.
A avaliação tem base nos indicadores da soja e do milho, cujos estoques mundiais estão em queda. O do cereal deve passar de 122,9 milhões para 105,4 milhões de toneladas e o da oleaginosa de 63,1 milhões para 50,4 milhões de toneladas entre as safras 2006/07 e 2007/08. As reduções são de 14% e 20% respectivamente.
Stefanelo observou que o consumo mundial da soja deve aumentar 4,6% e a produção cair 6%, cedendo espaço ao milho. A redução de produção da oleaginosa ocorre nos Estados Unidos e é proporcional ao aumento do cultivo de cereal para fabricação de etanol. A estimativa é de que, com a inversão norte-americana, a produção mundial de milho, por sua vez, aumente 10,1%.
No entanto, segundo Stefanelo, essas mudanças não resolveram a questão dos estoques em baixa. A previsão é que a relação estoque-consumo da soja caia de 28,2% para 21,5% e a do milho se mantenha em patamar ainda menor, passando de 13,9% para 13,7%. Isso significa que, para cada cem grãos de milho que serão consumidos no próximo ano, existem apenas 13,7 em estoque.
Esse quadro tem sustentado preços acima das médias históricas em dólar. Stefanelo mostrou que a variação em Paranaguá foi expressiva no último ano e deve seguir essa tendência. O saco de soja, que era vendido a US$ 17, chegou a US$ 22 e permanece na faixa dos US$ 20. O do milho saltou de US$ 8,2 para US$ 14 e tende a ficar acima de US$ 10. O momento só não é melhor porque cada dólar vale menos de dois reais, disse o analista.
O mercado abre espaço para que o Brasil amplie sua produção de grãos, acrescentou. A Conab faz previsão de crescimento no plantio da soja de 1% a 4% e de avanço na produção de 0,3% a 3,3%. Para o milho, espera 2,2% a mais na produção. Para isto, são necessários 300 mil hectares extras de lavoura e 45 mil estariam no Paraná. Mesmo que esses dados não se confirmem, as apostas serão altas, disse Stefanelo. Ele prevê nova elevação no milho safrinha, que cresceu um terço em âmbito nacional na safra passada.
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